SAPATOS QUE NÃO FECHEI

escrito por Stefani Costa

Espíritos assombram
Nenhum contato inexorável

Estou a implodir
Estão dizendo bem por aí

Houve um chamado
Não sei, não soube sair

Ouço devagar
Para tropeçar

Uma repartição pública
A divina corte
Ouvirá
O nome, a data
30 dias depois
Sinto que há respeito
Pelo luto, pela dor

Um punhado de céu aterrissa
O prédio pequenininho
Perdendo a forma
Uma caixa em formato de conteúdo
Onde humanos, gatos e cachorros
Dividem o espaço
A diligência
É factual mesmo
Pela primeira vez
Encarando as palavras que
Fizeram de mim outra vez

Stefani Costa, Brasil
Escrito em 08 de novembro de 2022
Revisto em 1º de dezembro de 2022
AS MÃOS DO JOALHEIRO

Movimento À Meia-Luz

escrito por Stefani Costa

Não, não estou triste
Sei da minha condição
Vejo os parceiros iguais
São tolos, sujos, ratos

É desgastante explicar
Mascar o chiclete
É escancarar o irônico

Os exercícios de fasto
As luzes da van
Koperfield! Koperfield!

A balbúrdia se instalou
Lonas de fraque
Estou sem saber
(O telefone toca: – é você!)

Stefani Costa, brazil
Escrito em 18 de outubro de 2021
Revisto em 18 de agosto de 2022
As Mãos do Joalheiro

A TECLA É EXIT

escrito por Stefani Costa

São pessoas que não conhecem
São pessoas conhecidas
O grito da pomba
É um azulejo

Grampos, paredes e mesas
Ela adaptou
Arestas, telhas e madeiras
A porta é de
Vidro
Areia

Insalubre demais
O tom cinza-escuro
Da sua voz

(Ela entona e gira devagar)
“Mais grave!” – Alguém vibra.

Escrito em 16 de agosto de 2021.

Stefani Costa
AS MÃOS DO JOALHEIRO

AUNT MAY

written by Stefani Costa

He’s punching me in my face! That’s horrible kind of music. These Days. I’m at my place. I swear, I was never been so grace and hopefull like now!  One more time to be a writer? Because they’re writing or doesn’t means YOU ARE A WRITER! Our small club has always will until the end. I turn back to study English. I’ll be and see from what a views. Look at the mirror: there’s a true story in her heart. Expensive time reading all the books you have inside this house, your home in this point of your life. You became a dream. But those poets, dead poets likes your writing… Fly panned. Fly over the sky! Blue is the ocean. Let me see with you and make love with you (again). Free again. My rules, my mondays. I don’t want to know about my past, anymore. I just wanna know: my book, the second one, will be the congratulation in honor, a chocolate, please, myself. Look from the door: you’re so beautiful (and sexy). These book (and the other book) change your life. I was woke up, suck my eyes in a shape. Boutles of beer. Recording tapes. My voice is a storm silence. Calm down.

AS MÃOS DO JOALHEIRO

CORA CORALINA, A DOCEIRA

Texto por Stefani Costa

Cora Coralina nasce Anna Lins dos Guimarães Peixoto, em 20 de agosto de 1889.

A inclusão do sobrenome Brêtas ocorre na ocasião do casamento da poeta e doceira, anos mais tarde, Cora Coralina, com o advogado Cantídio Tolentino Figueiredo Brêtas, na data de 1º/07/1925.

“O presente estudo visa entrar no insondável espaço criativo dessa mulher simples, religiosa, doceira por profissão e que viveu longe dos centros urbanos, alheia a modismos literários, apenas imbuída de espírito curioso, na cidade de Goiás, na casa Velha da Ponte Antiga em Vila Boa de Goiaz.”

[Este é o nome, em ortografia arcaica, Goiaz com z, atribuído em 1736, a então vila administrativa pertencente à Capitania de São Paulo, hoje ao Estado de Goiás].

Em depoimento a Marlene Vellasco, em 1990, Cora Coralina disse: “A poesia está em mim assim como o vinho na uva, assim como o pão no trigo. Há uma explicação? É uma coisa natural.” (Marlene Vellasco é diretora do Museu Cora Coralina, localizado na cidade de Goiás).

Tendo estudado apenas os anos primários na escola da Mestre Silvina, numa época em que as dificuldades sociais e econômicas estavam evidenciadas com a recém proclamação da República (1889) e a libertação dos escravos (1888).

Nesse contexto, a menina cresce, em meio a árvores frutíferas, o que molda o seu fazer literário. No início do século XX, a literatura era de domínio exclusivamente masculino. A partir da segunda metade do século XX, as mulheres conquistam espaço, ainda que através de lutas por direitos.

Então, o talento de Anninha, como Cora era chamada na infância, de algum modo, rompeu com as convenções sociais e continuou se fortalecendo durante a adolescência, quando aos 18 anos assumiu, juntamente com Leodegária de Jesus, a primeira mulher a publicar um livro em Goiás, chamado “Coroa de Lírios” (1906), e as duas formaram a redação do jornal literário “A Rosa”, de 1907.

O modo como a leitura é inscrita na família de Cora é através da mãe, uma ávida leitora. O meio de acesso aos livros, jornais e revistas, era como sócia do Gabinete Literário Goiano, lugar onde a família recebia os livros emprestados.

Cora Coralina foi criada pela tia Nhorita, Mãe Didi (ex-escrava e madrinha), e sua bisavó. Mulheres que se destacam na vida da escritora.

A partida para São Paulo acontece em 1911, quando Cora tinha 22 anos de idade. Essa mudança ocorre devido ao namoro de Cora com Cantídio, que era advogado e chefe de Polícia. Eles se conheceram nos eventos literários do Gabinete de Literatura da cidade de Goiás, a instituição cultural mais antiga de Goiânia.

A vida em outro Estado, São Paulo, na cidade de Jaboticabal, foi uma profunda e importante passagem da escritora. Em 1912, nasceu a primeira filha do casal, Paraguassu. E, depois, em 1914, nasceram os gêmeos Cantídio e Enéas, sendo que segundo filho faleceu aos 05 meses. Em 1915, nasce Jacyntha Philomena e, em 1917, Maria Isis, prematura e falece, também, aos 05 meses. Por último, após 10 anos, em 1927, nasce Vivência. Sua filha adotiva, Guajajarina, era fruto do relacionamento anterior de seu marido com uma índia.

Poema “Jabuticabal (II)”:

[…]
Cafezal
Canavial
Algodoal
Laranjal
Rosal. Roseiral.
Cidades das Rosas.
Terra de meus filhos
Onde fiz meu duro aprendizado
De vida
E relembro
Sempre
Amigos e
Vizinhos
Incomparáveis.
(Cora Coralina, 1976, “Meu Livro de Cordel”, página 32)

A poeta morou, ainda, na cidade de São Paulo e presenciou a Revolução Constitucionalista de 1932. Chegou a alistar-se como enfermeira e costurou uniformes para os soldados.

Em 1934, Cora fica viúva. Começou a vender livros da editora José Olympio, como meio de sobreviver. Mudou-se de São Paulo para Penápolis e viveu financeiramente com a venda de plantas e um pequeno comércio, uma casa de retalhos de tecidos. E, de Penápolis, ela foi para Andradina e por lá permaneceu ao longo de 15 anos. Viveu dividida entre os afazeres como proprietária de um sítio e o comércio na cidade.

Após 45 anos ausente de sua terra natal, com seus filhos criados, a poeta sente “o chamado das pedras” e, aos 67 anos de idade, “vestida de cabelos brancos”, Cora Coralina retorna em busca do “vintém perdido”.

Poema “O Chamado das Pedras”:

[…]
A estrada está deserta.
Vou caminhando sozinha.
Ninguém me espera no caminho.
Ninguém acende a luz.
A velha carideia de azeite.
De a muito se apagou.
Tudo deserto.

É interessante notar que a volta de Cora Coralina a Goiás é o que ocasiona a vontade de realmente publicar o seu primeiro livro, “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”, fato que se concretizou em 1965, aos 76 anos de idade.

Podemos dizer que a autora ainda estava em São Paulo, quando concebeu os 24 poemas do livro, entre as décadas de 1930 a 1960.

O livro de Cora exerceu uma função multiforme / uma atração, que vai muito além da leitura, embora esta seja um ponto de partida fundamental. E, também, porque a escritora viveu o período da Segunda Guerra Mundial, do Estado Novo, do Presidente Getúlio Vargas e a tudo isso houve uma “perda do medo”.

Em âmbito cultural, Cora recebeu o maior prêmio do Estado de Goiás, o Troféu Jaburu, sendo a primeira pessoa a obter essa honraria, oferecido pelo Conselho Estadual de Cultura do Estado de Goiás, em 1981, e Troféu Juca Pato, oferecido pela União Brasileira de Escritores de São Paulo, em 1983, com a concessão de Intelectual do Ano.

A União Brasileira de Escritores desde 1962, concede o Prêmio Juca Pato ao “Intelectual do Ano”, em parceria com o Jornal Folha de São Paulo, por conta da significação de obra publicada no ano anterior. Já foram agraciados com o Juca Pato: Érico Veríssimo, Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade…

Nesse contexto, cabe ressaltar que o perfil estético-literário de Cora Coralina é marcado pela presença de versos livres, por vezes, denominados como “epilíricos”, pois, trazem em si, características de prosa como, por exemplo, a dimensão e os personagens estão escritos com a subjetividade lírica.

Seja uma poeta épica e/ou lírica, o certo é que Cora Coralina buscou em suas memórias a chave para sua escrita, o que podemos presenciar no livro “Vintém de Cobre: meias confissões de Anninha” (1984):

[…]
Minha escola primária, fostes meu ponto de partida,
Dei voltas ao mundo.
Criei meus mundos…
Minha escola primária. Minha memória reverencia minha velha Mestra.
Nas minhas festivas noites de autógrafos, minhas colunas de jornais
E livros, está sempre presente minha escola primária.

Eu era menina do banco das mais atrasadas.
(CORALINA, 1984, p. 123)

Cora Coralina fez doces. Doces glacerados. Tinha orgulho de ser doceira. Antes de se dedicar inteiramente a literatura, exerceu por 14 anos esse ofício culinário. Seus doces alcançaram destaque nacional, fato verificado em agradecimentos e elogios presentes em algumas dedicatórias nos seus livros.

Ao retornar à Casa Velha da Ponte, Cora Coralina encontrou no feitio de doces um meio de subsistência. O trabalho, para Cora Coralina, sempre foi reverenciado como o bem maior da humanidade.

Disse ela: “A vida tem dois sentidos absolutos: o Amor que renova a Humanidade e o Trabalho que dignifica o homem e impulsiona o Progresso. Tudo mais, derivações, consequências. O Trabalho é a grande terapêutica humana, a busca incessante…”. (CORALINA, 19–, p. 2).

Alguns escritores criaram laços de amizade com a poeta. Apesar da distância geográfica, Cora Coralina cativou, encantou e deixou se encantar por seus pares. Observa-se, tais nomes: Rachel de Queiroz, Francisco Cândido Xavier, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, entre outros.

Carlos Drummond de Andrade foi uma das pessoas responsáveis pela condecoração de Cora Coralina nacionalmente. Cora e Drummond nunca se encontraram pessoalmente, porém, trocaram afetuosas cartas.

Cora Coralina também tinha apreço pelos escritores portugueses Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, e pelo chileno, Pablo Neruda, a quem escreveu três poesias em “Meu Livro de Cordel”, 1976.

A imortalidade de Cora Coralina está presente em seus livros, mas também outro passo foi a sua posse à Academia Goiânia de Letras para a Cadeira de número 38 em dezembro de 1984. Na celebração, proferiu um discurso, dizendo da sua satisfação de estar ali: “Pergunto a vós todos, vale a pena viver muito? Sim, meus irmãos de letras, vale a pena pelo encontro desta hora entre vós”.

A própria Cora, através do poema “Meu Epitáfio”, traça esse espetáculo que é a vida em sua finitude:

[…]
Morta… serei árvore,
Serei tronco, serei fronde
E minhas raízes
Enlaçadas às pedras de meu berço
São as cordas que brotam de uma lira.
Enfeitei de folhas verdes
A pedra de meu túmulo
Num simbolismo
De vida vegetal.
Não morre aquele
Que deixou na terra
A melodia de seu cântico
Na música de seus versos.

A poeta faleceu em 10 de abril de 1985, em Goiânia, vítima de complicações de uma forte gripe. Cora Coralina tinha 95 anos de idade.

Essa é, portanto, Cora Coralina. Uma mulher para muitos considerada além do seu tempo, enquanto na verdade, como pode ser observado, é uma pessoa plenamente inserida em sua temporalidade, e talvez por isso, muitos de seus poemas trazem a visão de alguém que usou e abusou do lirismo para se mostrar como sobrevivente de tempos difíceis.

O Museu Cora Coralina, as margens do rio Vermelho, foi inaugurado em 1989, data do centenário de nascimento da poeta e tem como objetivo preservar a memória e divulgar a obra desta escritora tão importante para o nosso país.

A Anninha que se transformou em Cora Coralina, o Coração de Vermelho, por causa do nome do rio que passa ao lado de sua casa de nascimento, cotidiano e passado. O valor dessa lembrança é sustentar a proximidade ao fato vivido.

Em ordem cronológica, as obras de Cora Coralina, são:

• Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais (poesia), 1965, Editora José Olympio;
• Meu Livro de Cordel (poesia), 1976
• Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha (poesia), 1983
• Estórias da Casa Velha da Ponte (contos), 1985
• Meninos Verdes (infantil), 1986 [póstumo]
• Tesouro da Casa Velha (poesia), 1996 [póstumo]
• A Moeda de Ouro que o Pato Engoliu (infantil), 1999 [póstumo]
• Vila Boa de Goiás (poesia), 2001 [póstumo]
• O Prato Azul-Pombinho (infantil), 2002 [póstumo]

Este texto é uma reprodução da leitura que fiz dos estudos acadêmicos de Andréa Figueiredo Leão Grants, doutorada em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina, sob o título de “Des(Arquivar Biografemas: A Biblioteca de Cora Coralina”, 2016. E “Cora Coralina: no entrelaçar da poesia e memória – a procurar o perdido tempo que ficou pra trás”, monografia ao Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia, de Marli Porto da Mota Pretti, 2015.

Stefani Costa, brazil
em 03-05-2022

Cora Coralina / Fonte: Acervo Pessoal da Pesquisadora¹ / ¹Pintura, acrílico sobre tela 50×60 (2016) – Autora: Narcisa de Fátima Amboni

AS MÃOS DO JOALHEIRO

the man who would be king: a masonic adventure

Texto por Stefani Costa

“O Homem Que Queria Ser Rei” é um filme baseado no conto de Rudyard Kipling, com fortes críticas ao imperialismo britânico. O autor nasceu em Bombain, antiga colônia da Inglaterra na Índia, em 1865, filho de pais ingleses.

A narrativa de “O Homem Que Queria Ser Rei” é provavelmente um alter ego do próprio Kipling, no momento em que conhece outro europeu no trem, Peachy Carnegham. A afinidade dos dois é estabelecida através da percepção de que ambos são maçons, marcando aí o início da aventura imperialista desenvolvida na história.

O tempo passa e tendo decidido que não havia mais espaço para lucrar com a Índia, já tomada pela intervenção estatal da Coroa britânica, os dois querem seguir rumo ao Kafiristão – um território nunca visitado por europeus desde Alexandre O Grande, 3.000 anos antes; e nem por muçulmanos. Sem Estado central, com uma população de tribos pagãs em estado permanente de guerra… Lá, os dois viajantes pretendem oferecer ajuda aos líderes tribais, montar um exército, conquistar as terras para, então, derrubar o poder, saquear e voltarem ricos para a Índia.

Para alcançarem seus objetivos de enriquecimento, Daniel e Peachy firmam três cláusulas para conquistar o povoado de Kafiristão:

1ª) Ambos serão reis;

2ª) Não consumir álcool nem mulheres até que se tornem reis;

3ª) Dignidade e descrição.

Depois de estabelecerem o contrato para serem reis, eles levam grande carga de contrabando, aproximadamente 20 fuzis Martini-Henry, o mais avançado da época, e bastante munição. Assim, conseguem, então, atravessar a fronteira entre a Índia e o Afeganistão.

Durante o percurso, Daniel e Peachy enfrentaram ladrões e montanhas até desenvolverem o plano como o esperado. Muito semelhante ao jogo de dominó, as tribos vão caindo uma a uma, até que todas as tribos estivessem unificadas sob um comando, o deles.

Porém, os líderes das tribos conhecem sinais maçônicos também, pois Daniel e Peachy se relacionavam em público e após esse reconhecimento em comum os dois britânicos decidem abrir uma Loja Maçônica onde são contemplados Rei e Grão Mestre da Maçonaria no Kafiristão. Eles começaram a governar utilizando-se dos conhecimentos da Bíblia; ensinando os nativos aos costumes europeus. Nesse ponto, o plano dos dois começa a se desfazer porque Daniel passa a gostar de ser rei do Kafiristão e resolve se casar, violando o contrato das três cláusulas.

Entretanto, os nativos são contra o casamento porque consideravam Daniel um deus e um deus não pode despojar de uma mortal. Mesmo assim, Daniel ignora os sacerdotes e marca o casamento. No momento em que tenta beijar a futura esposa, ela, aterrorizada, morde o rosto de Daniel e revela também a mortalidade dele. Uma revolta histérica acontece entre os nativos e após perceberem o engano Daniel é posto a atravessar uma ponte de cordas sobre o desfiladeiro, o que faz com nacionalidade – pois ele canta o hino da Inglaterra – e demonstra dignidade ao pedir perdão a Peachy. A ponte de cordas é cortada e Daniel morre. Peachy é crucificado, mas sobrevive. Depois de conseguir retornar, Peachy conta a história para o jornalista, ainda incrédulo e mostra a cabeça coroada de Daniel – prova de que eles foram os últimos reis do Kafiristão.

A Máxima da Narrativa Imperialista

A pretensão de ser rei no Kafiristão adverte uma história de fracasso. A intervenção de Daniel e Peachy como Rei e Grão Mestre da Maçonaria revela-se como um sucesso efêmero, porque para ser rei Daniel tem que se assumir primeiro como um deus, abdicando de sua humanidade. Então, ele se utiliza do conhecimento que possui da Bíblia e prolifera semi-profecias. Mas Daniel é incapaz de frear suas paixões e de controlar seus instintos e põe tudo a perder. Disse Daniel: “eu não vou construir uma nação, eu vou construir um império”.

Desse modo, a nação era a nova religião cívica dos Estados. Com isto, o imperialismo oferecia um elemento de agregação que ligava todos os cidadãos ao Estado, um modo de trazer o Estado-nação a cada um dos indivíduos, para que não apelassem para outras localidades além do Estado.

Conclusão: Estado-nação não pode conquistar em sã consciência povos estrangeiros, pois a nação concebe as leis de acordo com os limites territoriais e não correspondendo aos valores e anseios de outros povos “superiores”. A diferença entre Peachy e Daniel é que Peachy venceu suas paixões sem se deixar levar por elas; enquanto que Daniel deixou-se seduzir pelo poder que nem ao menos possuía – e por esta razão levou o plano dos dois à ruína. O contrato firmado entre eles serve para exemplificar que enquanto eles estavam seguindo o plano – tudo estava se mantendo, mas a glória fez com que os limites desaparecessem e ao final, ensinaram-nos a lição de que ninguém pode ser mestre dos outros antes de ser mestre de si mesmo.

Stefani Costa, brazil
em 29/01/2022

A Índia de Kipling: mapa da Índia, na época do domínio britânico, com os locais e períodos de estada de Kipling.

AS MÃOS DO JOALHEIRO

MACABÉA

Texto por Stefani Costa

A HORA DA ESTRELA – DE CLARICE LISPECTOR, 1977

O peregrino viaja muito.

As aventuras de uma moça chamada Macabéa – nome de origem bíblica – justamente para demonstrar sem obviedades a resistência irônica da personagem, no sentido de existir, pois, segundo o narrador da história, Rodrigo S. M., a sua apresentação era: “sentir é um ato, pensar é um fato”.
E, por tudo, o Universo começa ou no “sim” ou no “nunca”, mas o começo é para falar que Macabéa existe no singular, e acima disso, para conhecê-la é preciso domar-se primeiro; domar-se em sentidos de abstinência, para sentir vontade de realmente conhecê-la e aprender depois com ela.
A história de 1977, escrita por Clarice Lispector, na pele da alagoana Macabéa, uma entre muitas nordestinas que veio dessa região para o sudeste do Brasil, mais especificamente na cidade do Rio de Janeiro, que, mesmo sob extensa ditadura militar, o país a via como uma cidade joia rara para o progresso, para a mudança de vida. Entretanto, para Macabéa, as coisas boas podem tornar-se muito ruins, percebido que o fruto que amadurece plenamente pode também apodrecer do mesmo modo – rápido demais. Então, A Hora da Estrela, é a história da datilógrafa migrante, da moça sonhadora e ingênua, com a bagagem de suportar os valores culturais e regionais diferentes sem contar a ninguém.
A partir desse enredo, existe um novo formato de apresentação da história. Ao observar quando Macabéa começa a namorar Olímpico de Jesus, que não aposta nela a ascensão social que procurava para erguer-se e despontar-se com superioridade na sociedade carioca, pois ele também migrara do nordeste com a intenção de melhorar de vida.
A forte percepção para apresentar uma obra tão peculiar como esta cabe indiscutivelmente à autora, que faz Macabéa descobrir-se não muito feliz, mas ainda sem saber que era mesmo infeliz – afinal, estava à mercê de qualquer coisa e crente como quem não tem encanto algum.
A supremacia da obra toda consiste em perceber a metalinguagem do narrador, a passagem de Macabéa para o que caminha em parecer a atenção central enquanto personagem do livro, totalmente adaptável para outras elucubrações se aproveitarmos os fundos musicais regionais do nordeste, com a pitada do carioca, com o intuito de o público saborear a enorme desventura do desligamento da ascensão social de Macabéa. Por outro lado, quem deseja tamanha ascensão é Olímpico, e por isto termina com Macabéa e encontra na colega de trabalho dela, Glória – ambas eram datilógrafas – o que ele considerava melhor para seu futuro; Glória era nascida da cidade do Rio de Janeiro, Macabéa nasceu em Alagoas.
A sutileza da escritora Clarice é comovente, pois o choque vigente entre as culturas prevalece no Brasil até hoje – sob o território que fixa a terra no homem – a inteligência emocional de atribuir lugares às pessoas fez de Macabéa um temporal de lágrimas e dores descomunais por dias e dias, ininterruptamente, até que soube – tinha tuberculose. Ela, em sua simplicidade, pediu ajuda com os olhos e percebeu que o conselho viria de Glória, sua contínua colega de trabalho, que agora namorava o seu antigo namorado Olímpico… “Vá à cartomante!”, recomendou Glória. Outra singularidade da própria cultura mística do país; outrora dogmática outrora supersticiosa. (Também possível de se aproveitar musicalmente).
Macabéa achou melhor ir mesmo à cartomante aconselhada por Glória. Ao consultar-se, a cartomante revelou a má-sorte – um futuro feliz ao lado de algum estrangeiro loiro… Agora Macabéa tinha futuro e também destino.
Contudo, ao sair da cartomante, Macabéa é surpreendida pela história dos fatos: foi atropelada por uma Mercedes amarela dirigida por um homem loiro. Fatal demais, Macabéa morre.
O que podemos saber com sua morte? Macabéa é e foi a lágrima da música – pois ao fundo do espetáculo há sempre algo de interpretativo e imaginativo. E não somente isto, afinal, o Universo, novamente, conclama: havia tantas águas nos olhos dela e tantos outros modos de sentir… E sentir que toda a expressão do texto era para se explicar.
Macabéa, então, só ganha o papel de destaque na história porque perto da hora de sua morte ela tornou-se uma estrela! A Hora da Estrela somos todos os seres humanos, que, em acumuladas circunstâncias ficamos invisíveis às pessoas, que percebem nossa existência apenas já quando não existimos mais.
Por isto, Macabéa é o ar perdido, como uma porta balançando ao vento, no INFINITO. Assim sua história deve ser contada. A morte é um instante de glória – livre de si, livre de nós.

A obra sobrevive.

Stefani Costa, brazil
em 18-07-2021

“o dia em que fui mais feliz eu vi um avião”

quando chega domingo é que sei o quanto estou só
quando chega domingo é que gostaria de ter
meu pai, minha mãe, comidas e afazeres
quando chega domingo é que doi
quando chega domingo é que finjo sentir nada
minha pedra, meu coração, joia rara bruta
não, não, não
ninguém te quer como uma fagulha
sim, sim, sim
existe um outro lado dessa fechadura
quando chega domingo
é Inverno
quando chega domingo
é Agora
deito de lado e durmo
um sonho imenso de uma vida boa
uma vida que não é a minha
uma vida cercada e vigiada
amarrei os templos urbanos
em caixotes de madeira
teria sido muito feliz
quando ainda era domingo

Stefani Costa, 28 de março de 2021
asmaosdojoalheiro.wordpress.com

¡adiós, 2020! [um ano locodocu]

Texto por Stefani Costa

Escrevendo sobre as lamacentas margens do rio verde. Onde é o que é? O que deve ser cortado. Esta braguilha de pavio curto e uma-pessoa-dá-dois-passos e nem um mais. Deixei os textos descansando ao longo de – 07 anos – que se passaram para apenas o publicitário ainda sentir a inveja. Deu certo. O copo denotou a oração para São Jorge da Capadócia. Pai Ogum, O Irreverente é quem traz a chama na espada e aperta o laço. Ainda mais para quem se diz ateu. Eu digo, burrice, burrice! Houve sim a mudança de posicionamento e muito mais silêncio. Tudo o que foi necessário fazer para amenizar o que senti ao abrir o portão para que ela fosse embora sem um beijo meu. Outros exercícios virão. Sinto que estou praticando o bom exercício – pois, juventude insuperável a que tive! Em fotografia, em registro – em música, em política – e por tudo sou grata. Cada erro, cada briga, “cada acidente me fez diferente”. Quantas sensações de morte e pós-morte. Os bons momentos prevalecem. Rimos muito. Bons abraços dei em vocês – e sob os quais recebi: repousei. Paciência, caro amigo! A transmutação é para o espaço-tempo uma semente. Toda a energia da luz: – A quente, – A fria. A condução de você. A história do BEM e do MAL. Perceber qual é a emoção. Contemplar o cenário plano. Independente do que seja – seja. Ou, como você gostaria que fosse? Se fosse, já foi. Hoje estou escrevendo sobre a consciência que se expande. Através da forma como vivo a preciosa e exata marcação do tempo. Tempo é tudo (para mim). Foi imprescindível que eu vivesse as faculdades, os problemas mentais; infelizmente, até a violência, a covardia; porque escolhi suportar, escolhi ser o animal que resiste sozinho à tempestade. Meu espírito, meu cérebro, meu espírito, minha libido. De repente, estou aqui. A lucidez. A cabeça-virada. O trabalho de Deus sendo entregue em prestações. Estou vendo a tristeza do mundo. Onde cessaremos o fogo, o aterrissar do avião e como viemos e voltaremos ao início. Releio em miniaturas todas as caixas escondidas e em formato de protesto os santos veem animais tão lindos, mais inteligentes do que nós – “os seres humanos demais” que assim falou o salutar anfitrião Nietzsche. Amo estar só e de repente à borda do vulcão: desci de minha montanha para falar com os mestres da Literatura Mundial/Cosmopolita: Devo-lhes a honra, José Lopes e Antônio Nino. “Vão-se as pombas dos pombais” e muito mais! Amo os meus pais. Os avós. Amo os amores loucos que encontrei. Os crimes que beijei. Amo você. De todo o meu coração em febre:


A novíssima poesia vem chegando
Bicas d’água por toda parte

Ovulações Instantâneas
O corpo de mulher (pode)
SER-TRANSFORMADO
O útero do tamanho de

-um punho; Angélica quem escreveu

Caderno de passarinho
Dia de pegar gravetos
Lavínia, Maria Antônia e Peróla

A novíssima poesia vem chegando
Bicas d’água vão molhar
O mundo-selfie
Ela quer ser amada
O mundo-ego
Uma cinta de orgulho
O Universo “não” entende o não

A novíssima geração vem chegando
Babymaker, marketplace
O fonoaudiólogo, o pesquisador, o cientista

Usar o artigo “o”, o que caracteriza “a”
O pronome, sangue que é seiva
O sujeito, me morde
A novíssima maçã
(“não” de novo)

Stefani Costa, dezembro 2020
asmaosdojoalheiro.wordpress.com

ORIENTALISM

Texto por Stefani Costa

Bibliografia:

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Tradução Tomás Rosa Bueno. São Paulo, Companhia das Letras, 1990.

SÍNTESE

O autor do texto introdutório à história contada do Oriente, Edward W. Said, traz à tona, no desenvolvimento de seu raciocínio, a invenção europeia a respeito do que é o Oriente – desde a Antiguidade até os tempos atuais. O mistério acerca das histórias e memórias romanceadas sobre “o outro lado do mundo” [para quem está no Ocidente], parte do princípio de separação entre o lado de cá, Ocidente, e o lado de lá, Oriente – no qual o tempo sempre parece ter sido passado – pois, é esta a sutil aspereza do modo de encarar o Outro; mesmo através de mapas de geopolítica, como fontes de civilizações e línguas também, a grande comparação acabou por sucumbir o Oriente em um personalismo ocidental soberbo, pois a utilização do um discurso para mostrar que a força cultural europeia tem identidade elevada quanto ao Oriente, neste amplo espaço entre o que eu sei sobre Oriente e o discurso de várias leituras, a experiência do contraste permanece não exclusiva, distorcida e generalizada. Contudo, é aí que o autor aponta a direção que seguirá com o texto: o Orientalismo é a aproximação sobre o que é o Oriente, principalmente o Oriente dominado, enormemente produtivo, mas abordado por outras nações, que, comparativamente querem significar relações entre um e o outro pensamento, sem, às vezes, encarar a realidade do tempo e do lugar histórico. Portanto, seria um erro concluir que o Oriente era essencialmente uma ideia, sem uma realidade correspondente. Não. O fenômeno do orientalismo é também o objeto de estudo entre as correspondências de um extremo ocidental a outro extremo oriental, sem a inútil consistência das incertezas, sem olhar o outro como se fosse espantosamente diferente, pois o contrário também pode ser visto. A relação entre Ocidente e Oriente, como pude observar através das palavras do autor, é uma relação de poder, de dominação, de controle, inclusive, histórico e materialmente. No entanto, o Oriente não é Oriente só nos aspectos de lugares. Em seu próprio tempo, o Oriente possui uma estrutura muito mais particular do que a visão que os europeus do século XIX tiveram dentro do discurso versátil de comparação. Não há comparar. O Orientalismo, portanto, é um corpo criado, como sistema de suficiência ocidental em multiplicar ou filtrar histórias, para adquirir a cultura geral. De maneira bem introdutória também, é preciso estar flexível para não administrar o estudo do Oriente em cima de curiosidades e dessemelhanças.

CITAÇÕES

“O Oriente não está apenas adjacente à Europa; é também onde estão localizadas as maiores, mais ricas e mais antigas colônias europeias, a fonte das suas civilizações e línguas, seu concorrente cultural e uma das suas mais profundas e recorrentes imagens do Outro.” — [SAID. Edward, p. 13]

“O Oriente foi orientalizado não só porque se descobriu que ele era “oriental” em todos aqueles aspectos considerados como lugares-comuns por um europeu médio do século XIX, mas também porque podia ser — isto é, permitia ser — feito oriental.” — [SAID. Edward, p. 17]

“Meus dois temores são a distorção e a falta de precisão, ou, antes, o tipo de distorção produzido por uma generalidade dogmática demais e por um foco localizado positivista demais.” — [SAID. Edward, p. 20]

Stefani Costa, brazil
em 06-10-2020

ORIENTALISM 
O ORIENTE PRÓXIMO COMPREENDE A REGIÃO DA ÁSIA EM RELAÇÃO AO MAR MEDITERRÂNEO, A OESTE DO RIO EUFRATES, INCLUINDO: SÍRIA, LÍBANO, ISRAEL, PALESTINA E IRAQUE.
ORIENTALISM
ORIENTE PRÓXIMO COMPREENDE A REGIÃO DA ÁSIA EM RELAÇÃO AO MAR MEDITERRÂNEO, A OESTE DO RIO EUFRATES, INCLUINDO:

SÍRIA, LÍBANO, ISRAEL, PALESTINA E IRAQUE.

AS MÃOS DO JOALHEIRO 

SONHO, SEXO E APATIA

Texto por Stefani Costa

Sinto um profundo desejo por ela. É tão crescente. Aconteceu em um formato que é dos mais brilhantes e favoritos: olhando as estrelas em local único, perfeito, com objetivos saudáveis. Que bom também que me preparei antes. Banho, cerveja, muita ansiedade e bifurcação. Outro ponto importante foi vir depois do entardecer. Então, a recebi com meus trajes brancos e meu jeito gentil. Abracei-a e beijei-lhe o rosto tão jovial, enigmático e sorriso com os olhos também foi o que notei. Quando entramos ela já me surpreendeu ao escolher a mesa branca. Pediu água e aparentemente gostou do copo cor de preto-fusco. Ouvi tudo o que ela disse e pedi desculpas novamente por ser obsessiva – escorpiana – apaixonada por ela e com tesão. Ela quer e tanto quanto eu. Falei sobre a gente ver estrelas e ela aceitou na hora. O agora é a hora. O único tempo. Me senti, por um instante, como o personagem Richard, do filme A Praia. Quando ele faz sexo com uma mulher experiente. Começamos a nos beijar sob o céu como nosso teto e ao olhar pra cima fiz de novo o pensamento de estar com ela. Então, ofereci que voltássemos a nos beijar dentro do carro. Ela aceitou em uma felicidade saltitante! Tirei a minha jaqueta. Comecei beijando-a com o melhor beijo que guardei de todos os tempos. Quem ficou sem a roupa primeiro fui eu e encostei em sua pele sensível e quente. Quando ela decidiu puxar a calça, observei e pedi o que queria. Ela deixou. Foi natural, romântico, também simples e consistente. Ela gostou muito da maneira como fui. Eu gostei muito do sabor leve, delicioso, viciante. Sim, senti que é a melhor parte que encostei a boca. O carinho que ela teve em segurar a minha cabeça e mexer nos meus cabelos. Os meus lindos e macios cabelos. Ela gosta tanto. Eu amo. É um efeito sonoro. Sinto muita vontade de ficar com ela. Sentia tanto. Comer plâncton. Quero ser a pessoa que entende e segue o fluxo natural das situações pelas quais vivemos. Quero cortejar a musa. Que perigo. Vamos embora. De novo estou escolhendo só ter olhos para ela. Sendo ciente de que ela pode e terá outros romances além do nosso. Preciso viver o amor lindo. Ela colocou a mão, sim, viu como eu estava. E abriu as pernas para entrar um pouquinho mais dentro dela.

Stefani Costa, brazil
em 21-07-2020 

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Texto por Stefani Costa

Começar em uma segunda-feira cedo é o sonho da American Way of Life ou esse banho é o que representa a minha predestinação > tudo deu tempo. Houve certa autoridade dele em resolver a conta da padaria. O meu beijo em dona Zuleica. O sorriso de seu José. Thiago faz brincadeiras: é nerd. Edinho cumprimenta os anos de escola. O que certifica texto e foto. O horário correto para o ônibus circular. O encontro com a anciã, que, agora, aprendeu até onde pode ir. Somos bons de coração. Ao menos um café – que não tinha – então, outras opções. A viagem para La Bohème está OK. Há certa ansiedade nisso. Tenho de concluir os temas. Voltar à história e à poesia. [arranjar algum livro imediatamente]. A descida para a casa de minha vida – o caminho foi tranquilo: frutas secas + a feira por vinte dobraduras. O Ateneu (Brasil), de Raul Pompeia. Almoço feito pela mãe em companhia da vó, do vô, dormindo. Depois uma contação de história sobre a origem de nossos antepassados. Foi tudo lindo mesmo e anotado por mim. Comi o último pedaço de pizza. Voltamos para buscar água. A segunda vez de yoga em público. Ter feito e provocado a passagem de lua em companhia de duas lésbicas; meu muito amigo bissexual, voyeur; vinho de uvas amassadas e sopa de lentilha – comoveram o meu humor. Fiz todas as pessoas rirem muito. Durante a manhã – agito saudoso para trabalhar em dia de feriado. Descobrir a real história sobre a Revolução de 1932. Os sinais – minha vestimenta correta e de meu companheiro – linhagem marrom/verde – compactuando com os sacerdotes: o ofício. Dessa vez não encontramos As Sacerdotisas. Mantive a postura – uma guerreira dominatrix. Vou completar 29 anos. Terei já lançado meu livro _ _ _ O crime de D ________. Tenho tanto tempo. O que faço? Germinar y Crescer. Alguns são feios juntos. Fiquei exausta. Senti frio. Comi, mas a fome não passava. Decidi que faria yoga para vê-la se movendo. Servirá de algo importante – posso perceber. Antes de dormir contei várias histórias; das quais não chorei. Estou preparada para a Nova Era. Uma aliança de poder entre mim e A Santa Igreja. Vou retomar os estudos.

Stefani Costa, brazil
em 22-06-2020 

fale comigo em sua língua

Texto por Stefani Costa

Um dia você vai conhecer
esquecer tudo o que perdeu
Encontrará em mim todas as
armas para seguir em frente
Não teremos inimigos e eles
olharão espantados para o que
nos tornamos: almas gêmeas
(que tomaram um fôlego para)
a vida inteira prosseguir
E se teremos filhos para observar
o que é o amor, o que fazer
Deixarei sempre para você
Que converse com eles em sua língua

De tempos em tempos é necessário ouvir Nirvana. Faz muito barulho, é confuso. Inacreditavelmente enaltecedor lembrar de tudo e todo o tempo que desperdicei sendo rude e depois apaixonada – provando que é possível saborear a dualidade contida em nós. O grunhido da voz dele é desesperador porque você começa a se perguntar para quem ele estava cantando. Ele não subestimou nenhuma plateia nem deixou sucumbir. De tão pequeno, magro e frágil tornou-se junkie de sabor divino. Do Santo ao Caos, as músicas são desagradáveis, por isso amo o som falado, ouvidos que ouvem, de fato.

Stefani Costa, brazil
em 19-05-2020 

27, 28

Texto por Stefani Costa

Ouço, bem ao fundo, um dedilhado. Tem a ver com o corpo de uma mulher, que, invariavelmente pode ser aquela outra – coisa. Arrumar a casa e preparar a mochila. Levar apenas algumas roupas e deixar o livro; a época de infância e andar por bairros de histórias que não sei. Era século XVII, bem, “no finzinho” e – quero fazer AMOR por outras vidas. Justamente, no horário combinado e minha mãe aflita pela cachorrinha Belinha, que está – com ternura – nascendo e morrendo. Fechei a semana com o coração à prova factual de que eu precisava do fluxo para seguir obstáculos cúbicos. Difícil, por ser dramático, despedir dos cachorros. Adoráveis Amigos! Ir com a mãe, quem agilizou tudo. A quem sou deveras agradecida. Sou um pouco consternada. Na hora de ir para a viagem, Minas Gerais esperava – já estava como motorista e não saí do banco para dar um abraço ereto em mi mama – Adentrei ao jogo – com algumas primeiras paradas para analisar o mapa. Um autoconhecimento geral. As experiências pelas quais passamos nas últimas 72 horas refletem o alvoroço calmo por estupefação – estado ou condição sob a qual o agente que é sujeito-histórico acaba sendo submetido aos avanços neurológicos territoriais – por isto, mijei naquelas terras vermelhas – terras de tantos ninguéns – somos todos importantes rivais do esquecimento, que é quando estamos livres dos sonhos – vivendo. Dirigi de Poços de Caldas a São João Del Rei e depois Tiradentes; do século XVII ao XVIII. O primeiro encontro com a Igreja, que não é a matriz: escandalosamente inesquecível – vivi sob uma glória. Gozei muito. A subidinha daquela rua; a localização do hostel; a simpatia das pessoas – a minha empatia, o meu bom humor; a paciência correligionária de um bom viajante do tempo. Te dedico esta! Sou categórica e exclusivista – amei tomar café na taberna. Ovos com queijo. Xícara quadrada, pires retangular. Estava tudo tão sexy, que, limpei o intestino. Fomos andar – visitamos a silenciosa e aparentemente gigantesca universidade. Agora é necessário dar um fim ao texto, porém, o nosso romance durou alguns dias a mais… Com a cidade cenográfica, a melhor opção para os grandes enterros é visitar o cemitério. O amor que paira a eternidade. Quero encontrar O Amor Eterno. Como o bater das asas de uma borboleta – Vozes, peixes e dobraduras servidas à mesa – comidas do fundo-do-mar.

Stefani Costa, brazil
em 19-03-2020 

viernes

Texto por Stefani Costa

Bacurau e tudo destinado ao filme. Foi difícil sair da base de controle. Fiz todas as alimentações e entre iodo e magnésio – a sensação foi surpreendente. O que está acontecendo com o fluxo de consciência em uma semana que dormi fora – em outra complexidade e novas percepções. O escaravelho do diabo – estou errando em alguma atitude – então, o erro é: estou observando com(paixão?). Desvencilhar. Acabou. Meio da tarde – muito tesão. É outro amigo que vai embora. Sentirei saudades. Relembrei tantas fotos. Ah, o des(amor). Seguirei sem pedir nada. Sinto os vinte e nove. Última vez que vou falar vinte. Oh, como assusta-me! Pondero e vejo: estou com dois cachorrinhos – isto é lindo. Filme importante é Bacurau e bonitaço. Faz todo o sentido. E mais interessante é que assisti em um período curto de tempo – filmes inesquecíveis. É proibido fumar. E fumo sempre onde eu quiser e puder. Sexta difícil como missão, porém, passei por ela dando o recado e creio que fiz bem. Boa elucidação e respeito bravamente. Há uma ordem natural – que cérebro espetacular; surreal o que vivi com dois soldados do Estado. Auge mesmo. Uma passagem de lua com três cabeças. Mais uma vez os olhos foram o que me salvaram. A linguagem, o vocabulário e a não-ação. Outro ponto observado do signo, no entanto, a beleza é aspecto físico. Tenho sido surpreendida em diversos níveis inaudíveis. Se as pessoas têm algo contra mim – percebo que as armas que escolhi são poderosíssimas – e, em comparação, sim, pois, o semblante da dor, da dúvida. Como uma psicopatia pode transcrever tão bem os sentimentos? As respostas corretas. Ser vista com alguém amorosamente – o mais incrível, a mais forte decisão de repulsa e depois o amor pode ser escolhido, ou, não, acontece! Eis aí onde posso refutar. Em seguida, durmo, sofro, oiço. A preguiça é uma apatia social. Setembro foi um mês difícil; porém, glamourosamente de alguma forma é que mudei. Mudamos. Nos despedimos. Comi nhoque em dia 29. Também beberiquei. -93 é o melhor dos suspiros.

Stefani Costa, brazil
em 11-02-2020

Mesmo que seja sem fins lucrativos, não copie o meu blog
Even if it is non profit, do not copy my blog

semeadas

Texto por Stefani Costa

O rio que passou
por mim
O céu estrelado
alguma notícia
O despertar da manhã
e bem logo cedo,

A semente
Que germina
A terra
Que prospera

A mulher e a enxada
O fato retraído
De todas as distâncias
Uma estalagem de:

– entrada;
– saída;
– novos ciclos;
– o período da Natureza.

E tudo o que pensar
É nada parecido
A mudança é plena
E decodificada
A colheita boa de chuva.

Stefani Costa
em 25-01-2020

*Escrito originalmente para o documentário da UEMG ‘Semeadas’ (2018), de Eloá Souza

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AS MÃOS DO JOALHEIRO 

NOVE, DEZ E ONZE

                                                    Pois é um batuque o que me alucina. Hoje fiz uma manobra arriscada em encontrá-lo. Parece que acordei por acaso; fui ao banheiro e ouvi Aymoréco. Conversei com a mãe a respeito de sentimentos. Ela me ouviu muito bem e pediu ou sentiu a necessidade de dizer “ponha-se no seu lugar”. É uma conjunção do dia-a-dia. Todos querem estar com ela. E sei que ela quer estar comigo, assim como quero estar com ela agora. Sou novidade. Para ela. Ela é novidade na cidade de três ruas. Absurdamente rotulada somente por estar junto de uma mulher feminilizada e lésbica. Quando: íntimas? Explosões de ansiedade. Caí em uma armadilha; porém, com o objetivo de colher informações que não perguntaria para ela: sei a resposta; eles ficaram. O teatro correto para o diretor de cena, que segue preso, bancando os fios da teia. Espero que em sigilo, como tenho pedido. Sobre o “Al Naturale”, administrado. Contudo, soltando in-verdades e fofocas – o que desagrada As Deusas. E, sobre mim, cortês; propus um filme e conversas. Fui humana. Até demais. Vou esperar terça-feira. Calada sobre esse assunto. Tenho 10 motivos. Estou escrevendo do alto de uma planície, um ano depois. Possuo as chances, as chaves e sem contratos somos firmes. Vai soar como uma escrita viciante. Arrependi-me de não ter beijado em um fim de domingo. Sim, eu sabia de tudo e do impacto. Uma semana boa e repleta de acontecimentos que levarei como “bons modos de principiante”. E, realmente, foram bons, os modos. Mas, por que estou (justamente agora e ao mesmo tempo) chamando Pedro para transar? Ele não vem! Amo-a e simplesmente não sai da minha cabeça. Hoje troquei as fotos por antigas imagens de 2015. Vai saber qual foi o resgate. Voltar a ver “You”? Deixei tudo tão claro depois das ligações, das flores, das forças de limpeza – um balde e um esfregão – imaginar estar com ela; entretanto, que bom, esse período ficou distante. Adorei saber que ela foi de ônibus. Uma mulher consciente e algo mais que não sei dizer. Sim, ela me acha tão bonito… Estou preparando a viagem para Minas Gerais e estruturando o roteiro. Alemanha, Espanha, França, Itália e Suíça, em 30 dias. 30 anos! Meu coração ama com cuidado. Uma passagem “de volta para o futuro”. A lua é crescente. É estranho, mas vou dizer não? Outra tentativa, um franco movimento. Como deixei de imaginar que o motivo de eu sair em êxtase foi porque a ‘sincronicidade’ a fez transar com o ex-namorado. A mim, o que coube. Sigo saindo por algum buraco e a pista – onde dirijo o carro velozmente. As pessoas do bar; exceto os proprietários, são superficiais – Helena, a mais delas. Enquanto sou o impacto duro. Trovejante. Encontros; energia consumida. Bebi – novamente. Esta foi a noite em que usamos drogas. Calma, meu amor, nem todas foram ilícitas. Cheguei em casa. Dormi com a luz acesa – uma mania de quem quer esquecer a escuridão daquela alma – de roupa, coçou tanto! Vomitei, fiquei inerte. Em seguida, ouvi, solicitei e fui atendida. Não mais te beijar. O fim. Do outro lado do fone, uma mudança de calendário e mais outra prova de confirmação: Magnólia, A Chuva dos Sapos. Fascinante chão.

Stefani Costa
em 01-01-2020

 

em forma de ação [formatação]

Texto por Stefani Costa

Desenvolvi um certo tipo de raiva. As pessoas estão apaixonadas? Não sei muito bem o que será, porque realmente tenho agido através da mente. Sei que não estou integrado à sociedade. No fundo, sim. Um olhar furtivo vindo dos outros. Poucas são as pessoas que quero e que consigo conversar. Somente os calmos de coração, com bons olhares de ternura, sobre o bolo, que está sob a mesa. Sinto que conheci A Rainha das Águas. Mas, não. Tem algo n’O Ar; misterioso e desconhecido. Irei encontrar? Parei de procurar. Não estou sendo estagnado; apenas cuidadoso. Não gosto da maneira como ele está olhando. Serei eu, um dia, estupidamente feliz? Ela foi feliz. Quero mesmo ver alguém que observa com sinceridade sem inveja. A experiência é única. Porém, fiquei bem sem ela. Cem delas. Apenas com os animais soltos. Ela não acredita em como passei por tudo, farei um relato. II. Existe o tempo para estar distraído. Em algum aspecto, os lugares estão preenchidos por almas de antepassados. Por que precisamos usar as lentes dos óculos? O contato com a pele – a pele manchada por raios de sol – vamos dizer, os teus olhos são azuis como a imensidão do abismo: sem importância nenhuma – o todo que é dado é retirado dos leitos dos rios; o leite de pedra é triste. Um favor, só mais outra ocasião, para o esquecimento de sentar em você – trajando a calça jeans de uma noite de festas, no prédio, o suéter listrado – seu cabelo desgrenhado, esvoaçante e louco; boa menina. O Aprendiz emite um som. Linda é a tua vagina. A libidinosa escultura. Lábios primordiais (de abelha que faz o mel) — Os favos são pequenos buracos por onde fica o que sugar. Quem diria. Mesmo depois da chuva: tudo ficaria melado. Esperando os pingos passarem – você está comigo, mas… Já pensando em como vai me deixar molhar… mais uma vez.

Stefani Costa escrito em 09 de dezembro de 2019 às 18:55

As Mãos do Joalheiro

AS MÃOS DO JOALHEIRO 

fita-tape

Texto por Stefani Costa

Existem matérias imperfeitas sob as quais não posso revelar o instinto padrão. Observo os pássaros – grandes objetos de estudo de vários resultados. A parcela do favorecimento. Um novo título te carrega. É sobre a maioridade democrática. Nenhum outro soldado servirá emoções tão bem implantadas. Gracias a la vida que me ha dado tanto. A viagem começou e nós estamos exatamente onde deveríamos. Despedi-me dos amados animais – em casa – onde somos muito felizes. A família é quem vem para um beijo e um abraço. Então, lágrimas caem e choramos. Te amo, Vó. Te amo, Mãe. E, Vô, Belinha. Jamais esqueçam de mim e do amor que sinto. Vejo, daqui a pouco, vou passar pela primeira vez um tempo e quanto tempo demorei. Estou observando tudo. Inclusive, a mim mesma. Um minidicionário de conversação em espanhol. Ei, Merlí! Chegarei ao catalão. Sigo forte e tendo a necessidade de aceitar que pouquíssimos amigos fariam por mim o que ele fez. Que obra fantástica [ ] [ ] [ ]. Estou bem em frente ao legítimo título… Santiago. O desembarque ocorreu de maneira ansiosa e Tranquility Base Hotel Casino. Passamos a noite no hotel, dentro do aeroporto,  quarto de número 28; quase a minha idade. Estou sendo levada ao pico onde nunca fui. A princípio, passei frio. Uma noite gelada. Por incrível que pareça encontrei um carrapato em meu braço esquerdo. O banho, o som, a pulseira. Antes de tudo isto, o check-in e hablamos. Duas cervejas para mim; salada de frutas para ele. O sono não foi justo. Porém, o que aguardava a minha vida? Uma franquia de café chamada 365. A origem do nome é peruana. Assim como a vez em que li um trecho do livro em 52ª edição dos Conversadores e toquei o coração do señor del Peru. Precisei de duas horas entre usar o intestino, ficar excitada e olhar o avião [de perto]. As turbinas fizeram o cérebro destemperar reações. Tenho o choro livre, sou criança. Vamos para o embarque e necessito de um trago, mas não tenho. A maior proibição do mundo é fumar. Dê-me um cigarro! Entramos para o voo. Vejo, novamente, os números [ ] [ ] [ ]. Sento ao lado de duas janelas – espaço exclusivo. Incrível assim. O café da manhã é dentro de uma máquina e repeti duas vezes. 4 horas voando. Olhei do alto as surreais prospecções da cordilheira, a cadeia de montanhas. Aterrissar foi entusiasmado. Os cães farejadores. O território bem mais silencioso do que o Brasil. O Brasil que pega fogo. Vou conhecer a Amazônia! Estou andando rápido com a bagagem de mais de 10 anos de histórias. O êxtase de comer tâmara enquanto vêm o ônibus em seguida do metrô – entendê-los. Sair do país é fácil, bom e importante. I would like to say: “yeah, I’m okay and I can go anywhere, but how do I feel?”. It’s important to me that you’re free… I need your help! I’m just a human… trying to find myself alive. So, what do you do for a living? Estou sentada em uma mesa de bar onde tudo é vermelho. Lo mejor dia para mi fue como en un sueño… Acordamos realmente muito cedo para o passeio. Hoje sei quantas vergonhas passei até chegar ao “puento alto”. Conheci a casa de um amigo chileno – fomos nós quem fumamos toda la marijuana que despierta sonrisas… O olhar de Marcos – o recepcionista – no és bueno para mi. Entretanto, pedi desculpas sinceras. A alemã “Mika” olhou para o meu rosto como há muito tempo recebia… Fui rude por não saber ou no puedo recordar cómo voy hablar o que quiero. Tomamos café preto em estilo carioquinha. Devo cambiar los pensamientos. De metrô aprendi a chegar sozinha al destino. Obrigada por interceder a meu favor – soy buena gente! Após isto – tudo viria a ser. O metrô em direção errada; fui parar em Los Dominicos e deitei em um gramado lindo… Quanto tesão olhar a Igreja da Patagônia. Quando decidi regressar – – – um pedaço de chão levou-me a Gabriela Mistral. Dez mil pesos por um libro! Muy bien! Gostaria muito de beijar uma pessoa por quem eu… Ah! Expliquei tudo para o amigo e o convidei para ir ao cinema. Lançamento mundial do filme de Quentin Tarantino“era uma vez em Hollywood…”. Adorei ter ido à estreia em outro país. O filme é leve, por isto, saí exausta! Porém, bebemos suco de frutas – além de pipoca e de chocolate. Táxi e cama. O desejo de ser motorista. Vou dormir para “conhecer” o que é estar en la Cordilleira de los Andes. Bom lembrar que quebrei uma regra local, que foi a de comprar cerveja não-local. “Black IPA”. A partir disto, fui para o imprevisível – comer pizza. Por que estou triste? Quando estarei recuperada da profundidade? No siento el amor y falhei com a missão – por ficar aborrecida. Não sei dizer o que senti – porém senti muito. Estava magoada, então gostaria de ver mais uma vez. A minha conexão com o mundo. Buenos dias! Estou pronta para ir – e nem fiz o desayuno. Porém, estou fumando em frente à linha de espera y mientras el mundo pasa. No quiero hablar ni pensar, pero que me voy – – – tchili. É ótimo que estamos indo ao gelo – sim, o branco absoluto do chão. Uma pausa entre as escritas para descobrir que estava sendo monitorada durante a viagem. Choquei ao ponto que para sair do planeta tive de ter os passos seguidos por idiotas? Terei de ter muito mais cuidado do que jamais imaginei porque estou checando fontes inimagináveis. Tendo acesso ao frutífero e vivendo O Novo – Irei concluir o livro e lançá-lo. Descansar em outro continente. Cumpri a missão sim – vi a neve de Lawrence Breavman. Falei sobre ele e continuei fumando esta buena suerte – sei que as lágrimas que derrubei são porque mamãe é leal e fiel. Aprendeu com vovó. Vovô é tão inteligente. Lo viejo és bueno? Siempre preguntame esto! Como fui vista, pai? Os hóspedes! Observar a saúde mental e novamente vou isolar, vou isolar, com fita-tape.

Stefani Costa escrito em 01 de outubro de 2019
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Texto por Stefani Costa

As pessoas precisam parar de brigar. Aconteceu comigo. Eu estava parada em frente a construção – quando visualizei (do lado direito) o inimigo. Era homem e vestia a capa preta. Até aqui – um cenário óbvio. Entre alho e óleo – ela é apática. Sexta-feira; uma precisou ir para a casa, para a outra chegar. Uma pedra estrutural – o caminho é desvendado aos poucos. Pois sim, há inúmeras saídas. “O beijo doce foi ela quem trouxe.”Uma lembrança árdua o atingiu (…) correu para pedir o papel e a caneta da garçonete ////////////// A brincadeira começou bonita [depois o branco absoluto do chão]. És um poema – tchili – Gabriela Mistral y Pablo Neruda – O que este casal quer nos contar? Ando pensando sobre: “o que é um idioma?”; palavras não-faladas, palavras não-escritas. Dou-lhe uma, dou-lhe duas – não quero nada que é seu. Exercendo meu compromisso diário com a escrita. Jamais voltaria para qualquer história do passado. ————– Tudo bem vivido. Arrependo-me de tê-la conhecido – e, principalmente, por ter permitido que a mim conhecesse. Reescrevendo o livro. A abundância do ser em caricaturas. O sol das três da tarde proporciona a decisão de fazer o peixe. O anjo-providencial. Inigualável existência humana – vivo e condensado para mim. Porém, sem egoísmo. Protegendo e defendendo. É o tempo de saber usar as minhas mãos [de ferramentas]. Uma noite de exageradas desproporções. Quebrei a guitarra de K. C. Não é necessário colar o seu coração (já) despedaçado por si mesmo. O nódulo invólucro. Quero permanecer onde estou. Sim, espiar o mundo. Encostei em uma parede branca de giz; massa corrida. O assoalho marrom; morcegos moram conosco. Os olhos lindos dos melhores cachorros do mundo. No entanto, o narcísio vem à terra de tempos em tempos (…) e venceremos a “data limite”, porque passamos por ela. Uma luxação em punho direito – “O escrevente”. Direi “não” ao próximo oficial de mentira. Estou ficando vermelho de raiva. A última noite com o amigo paránã. Gravei bem os seus olhinhos. Prometo cumprir o papel da amizade. Ele é bom? O dia sendo antecedido por indígenas entre serras. Faço o emaranhado desenvolver. Após a explosão; falo menos, ouço mais. O peito expectorante. Acontece a despedida e não lembro mais. É necessário cerrar os olhos. Muitas expectativas para viver de uma vez só. E sozinha levanto – o que é ótimo e perfeito para o relógio biológico. O próximo ônibus exige de mim uma complacente atitude. Invoco todos os santos e sei quando “voltar atrás”. Guardei os cachorros e estamos em paz. Jamais deixar de pensar em nosso bem-estar. Sem deixar de achar ridícula a promessa juntamente com a demência dos apaixonados – de todos os sexos – em poucas edições vejo a enorme realidade. O que é que não condiz? Estou feita em vida ou seguindo a direção – de minha intuição? Entrei e embarquei. Estou indo para dentro do vulcão, que, embora diga: “está adormecido”; eu duvido, porque sei questionar. Porém, quero agir rapidamente e ir para a central dos desenhos e fazer pela quinta vez o ritual. Flechas adversas cortam o caminho – bons ventos para o oeste. Foi importante sair da cidade-estado e fazer a imersão. Navegar sozinha. É um ambiente delicado e minha presença causa a incógnita. Por falta de leitura durante a infância – as pessoas têm pouca imaginação. O dinheiro somente significou um poder a vista. O desemprego em massa provoca o alvoroço de atitudes. Sinto-me bem quanto ao ato da carona solidária, do café para o francês – um amigo viajante do tempo. Fiquei com vontade de beijá-lo, contudo, saí para fumar e depois dancei. Simplesmente o brilho do raio de sol resplandece em minha pele. Ao menos parecia que estávamos em outro país – onde deveras chegarei. Uma energia estranha. Sei de onde vem: do aprendiz do verdadeiro artista. Não vou catalogar. Todos os olhos atentos! Precisei deixar de falar sobre Jerome – por quem fiquei levemente apaixonada. O estúdio é bonito e bem transparecido. Quando fui questionada sobre o motivo, pensei e respondi: “é para lembrar de boas conversas com vovó – como se fosse esquecer! Há!”. Sabemos o que é um teste limítrofe. A personalidade do vômito, da diarreia. Estragou-me o coração tanta tortura psicológica. Entretanto, foi importante perambular pelas ruas com sangue, plástico e poderia ter algum chimarrão. Longos suspiros de consternações. Sei que é preciso suprimir. Sei que vou passar frio. Estou em um banco de praça e todas as decisões são minhas. Vou andar sete quilômetros sem água, sem som; somente com as luzes guiando a penúltima noite de lua cheia. Os sinais são claros, Donnie Darko. E o coelho se aproxima.

Stefani Costa escrito em 23 de julho de 2019

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Texto por Stefani Costa

Às vezes não amo o suficiente. Fiz uma comunicação com a tia Suely. Sempre estaremos torcendo por ti. Ao final desta canção ela é severa, mas lembra-se de mim como naquele verão. Estamos recolhendo as roupas e outra tarde já vem. Recordo-me das colegas de casa. É tudo original porque sou escritora. Estou sendo afetada pela falta de amor – sim, porém, é mais apropriado que eu não goste de ninguém e ninguém de mim. Quero ser feliz. Estarei sendo feliz quando existir gerúndio no futuro. Longos suspiros – ela é independente, ansiosa, pávida e perigosa. Anos 2000. Um amor de pessoa que é a própria contradição. Então, tu y yo e você quer. Irei percorrer o que resta do mundo. Sou peixe-asiático-preto-rubro-e-esquisito (ser). Chegou a época das festas juninas e aniversário de S. João, 198 anos, eles contaram. E de Zé Lopes também, 98 anos! O que separa os dois amigos são apenas 100 anos e 02 dias. S. João comemora aniversário dia 24; Zé Lopes, dia 26. Ambos cancerianos (para quem acredita ou não) é o que uma das interpretações do céu “diz”. Lá, bem no comecinho do mês: uma morte e um nascimento. A cachorrinha Belinha [companheira de minha família há 14 anos] – ia completar 15 no dia do rock ((13)); contudo, viveu bem ((muitíssimo)) e segue sendo amada. Agradecemos as lambidinhas e as rosnadas. Entretanto, sabemos em 02 de junho: Ana Bela Costa virou estrelinha. Mamãe diz que o cachorro é ser que renasce imediatamente em outro lugar. Então, outra vida surge pulsante. Quer dizer, até o nascimento: 09 meses. E chegamos em 05 de junho. A primeira bisneta dos avós maternos. Meus queridíssimos, quando sou aprendiz. Em meio a tantos espetaculares acontecimentos, os 73 anos de avô Laércio. Levei a ele vários doces mineiros e mais uma bandeja de paçoquinha, a original. Nos amamos, eu mamãe vovós. O vô está triste, assim como estamos e ficamos, mas, menos; pois, os embalos vão subtraindo. Apesar de ações e conhecimentos — andei pelo parque Ibirapuera e senti algo condensado n’O Ar. Quero nem saber de onde vem, porque já soube. E tive de deixar a super city. Respirar em ar puro é o meu prazer. Às vezes, pedalar. Sempre tomar café, sem pressa e pensando em alguma pessoa bonita. Com parâmetros; apenas varonil. Estou prestes a apresentar um livro inédito dentro da Literatura Nacional /365/ para todas as pessoas do mundo. Para escritores e escritoras de um Brasil Multiverso.

Stefani Costa escrito em 01 de julho de 2019 às 11:31

Stefani Costa

Stefani Costa: 52º Sarau dos Conversadores – Praça Carauari/SP em 22/06/2019

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O Baile

Texto por Stefani Costa

O que os outros veem que não vejo como eles? Algum passe de mágica e seria preferível duvidar de como estão vendo agora? Cada grande amor e uma mágoa. Por que começar? Existe aprendizado em cada ato. Por mais que pareça ridículo, a escritura tem o papel de informar. Preciso saber quando terei reciclado o destino que fizemos traçar por mãos oblíquas e venenosas. Então, proponho um desafio: original e de condução. Eu gostaria de estar em outro planeta, só para entender se a terra é mesmo plana. (Nenhum de nós). Voltei depois que a chave abriu a porta. Conviver muito com uma pessoa pode levar à glória ou à falsificação ideológica? Viver quantas vidas de uma vez. Ela é a personagem que usarei em algum livro e dar-te-ei de presente em nome de uma socialite. Ele vibra e toda mulher poderia ter exatamente este mecanismo de busca ou de assinatura. Elas vibram e todo homem tem o mesmo mecanismo de funcionamento. Ambos vibrando. Eis que uma voz chama o meu nome, bem logo ali, ao fundo do espetáculo. Sou a atriz que propõe cenas picantes e indecentes, mas, com o intuito de afinar a corda (que está bamba). Vejam só, minhas crianças, os estupefatos adultos — todos gordos pela rotina do café com açúcar, da gaita sem caixa e do suco em pó. É um guarda-civil quem atravessa a rua e diz para o entregador de lanche que tem cachorro solto por aí. Ela levanta às quatro e meia e faz um penteado bonito e brilhoso. Isto é um termo neutro durante a leitura desenvolvida por Aristóteles, aquele mesmo senhor do motor imóvel. Bruno é uma novela, difícil de acompanhar porque exige diversificada programação. Antônia é uma garota comunicativa e sensual, muitas pessoas confundirão — Vejam só, meus adultos, voltamos ao início! Como vocês conseguem dormir mofando? Ah, escrevi em Não Garotas Kleenex: “Nariz escorrendo…” E agora o ovo é frito! Faça amor ao cravo, com alho, com canela e uma pitada de salsa, samba, extrato, manjericão. Ariando as panelas, esfregando as lacunas. Quando vocês ficaram sabendo que o faxineiro da escola é o mesmo que canta e toca em uma banda [enquanto os outros filhos estão sendo preparados para dominar a vida bancária?] — Agora, quem vejo: vocês frágeis. Crianças e Adultos. A escrita é um aviso. Céu e Terra (flamejantes) — “Jamais prejudique uma ave”São Paulo, não sei dizer que dia é hoje, outubro, 2012. Não gosto de usar aspas em textos ficcionais. Resolvi escrever para você porque lembrei de algo que insiste em não sair da minha cabeça. Ah, antes de tudo, desculpe-me escrever com lápis. Em meio a essa festa, não consigo encontrar uma caneta. Resolvi sair daquelas pessoas para poder te escrever. Nada pode me deixar mais feliz. Bom, sobre o que eu lembrei… A primeira vez que brigamos. Acordei e você estava na porta da minha casa com uma mala e um sorriso no rosto. Algo ruim tinha acontecido e aquela foi sua maneira de dizer que sentia muito pela situação. Não tive como não olhar para o seu rosto lindo e não me sentir feliz por ter você. Agora, uns dois anos depois, eis que estamos na mesma situação. Tirando a parte fantasiosa sobre ter alguém, mas com a idêntica certeza do quão especial esse mesmo alguém é em nossas vidas. A distância parece nos pregar mais uma peça, mais um teste tentando saber o quão longe conseguiremos ir, e o quão duradouro será esse sentimento que um dia nos colocou no mesmo caminho, na mesma direção. Às vezes eu não consigo acreditar onde chegamos, quando tudo parecia caminhar em outro fluxo, contra tudo o que nos impedia. Embora, às vezes, eu pense que àquela inconsequência juvenil não existia mais, caio em contradição e percebo o quanto ela ainda está dentro de nós. Em muitas horas tenho na minha cabeça que cansei de lutar, mas me dou conta que o sentimento mais nobre que pode existir está aqui dentro de mim, vivo como a primeira vez que te vi. Acho que nunca serei capaz de escrever coisas tão bonitas quanto aquelas que você me escreve, mas nunca duvide da intensidade dessas palavras. Elas saem de lugares tão profundos que um dia duvidei que existisse. Duvidei que, em meio a esse ego tão gigante e calculado, eu pudesse levar comigo alguém que tem sede de vida, que dá a cara para bater para afirmar a sua autenticidade. Alguém que é tão instigante e apaixonante ao mesmo tempo que deixa um ar de mistério a cada coisa dita e a cada palavra pronunciada. Se eu pudesse te daria um mundo todo, colocaria na palma da sua mão, mas como não posso, escrevo essa cartinha amassada para demonstrar o meu mais do que sincero sentimento. Espero ter a bravura o suficiente para te entregar. Você exala vida. — Jamais imite a sua vizinhança. Seja um bastardo africâner, lutador de sumô, esgrima despreparado, filho-do-primeiro-escalão, (para o bem para o mal) apenas uma saída: a honestidade. 100 falsas prisões, sem as bermudas de Natal. As grades e os acordos de negociação. Se alguém explode o caixa eletrônico até o céu da boca? Uma via de transição, todos loucos, o hospício é a céu aberto. Sorte. Vamos continuar esperando e observando até quando tirar lágrima? Ah, que desafio! Arames, farpas e ação. Preferiria ter escrito uma música para você neste papel.

Stefani Costa escrito em 13 de março de 2019

pré 3-6-5

Texto por Stefani Costa

Estou neste momento fazendo a travessia para o lado oeste, porque não sei mais onde o sol se põe enquanto olho os retratos nas paredes que já fui. Existe alguma coisa ali que não prende mais. Todos os amigos em um grande espelho: este livro é um pedido de desculpas por toda a indiferença que causei nos corações de vocês. Antes e depois de mim teve um único significado: o de que segui em frente sozinha. Pode parecer nada ou exagerar em falsas culpas, mas todos nós sabemos o que é ser e estar e estive com vocês em cada âmbito de nossas inevitáveis destrezas. Algumas mensagens vieram de um lado que não fui, outras informações de um ruído por tudo o que meus olhos viram – sei bem precisar – pois foram tantos os eloquentes! As pessoas que não quis ter amizade também, desde a infância o difícil empreendimento. Mas, mesmo assim, os amigos durante a adolescência: tenho boas recordações. Sou uma pessoa que não vai levar o certificado de muito tempo de amizade com você. Quem realmente conhece (se conhece?). Virando esquinas de forma solitária, respirando o ar que ninguém tem, o cabelo desalinhado, o nariz enorme e que chega [primeiro] antes de todos ao recinto de exposições: os copos, os colares, as insinuações; lembro-me de quando eu via em formato de ilusão uma pessoa que gostava de mim, eu achava que gostava. Não sei dizer mais o que é gostar sem desvencilhar da madeira, da banheira de plástico, de todas as vezes do raio de vórtice em seu olhar. Novamente, esse é o fim do mundo. Engolidas secas. Já ultrapassamos o três-meia-cinco [3] [6] [5], procrastinando para colocá-lo em formato de OBRA; oh, sim, por favor, enviarei o convite a todxs vocês com o intuito de vê-lxs no dia do L

Stefani Costa escrito em 05 de março de 2019 às 10:03

A história da Estação de Trem 1886

Texto por Stefani Costa

As estradas de ferro atravessaram o caminho, independente do reajuste e da força-tarefa, porque movidas pelo passar do tempo, levaram-nos também a perpassar esse tempo sobre os trilhos que até hoje recortam as serras. As estradas de ferro são marcas de um período de transição, que a história caracteriza como grandes mudanças dentro da vida das pessoas. Era século XIX. O Primeiro Reinado no Brasil (1822-1831) surtiu efeito em várias camadas sociais: a consolidação, aos poucos complicada da Independência do Brasil de Portugal, a abdicação de D. Pedro I ao trono, e apesar disso, o surgimento de uma pequena freguesia no interior da província de São Paulo, anos mais tarde, o embrião do que é a cidade de São João da Boa Vista, atualmente. A data que temos é do ano de 1838, quando São João, que antes de ser esse o nome definitivo, já foi chamada, por exemplo, de São João do Jaguari. Em termos administrativos, elevou-se nesse período da categoria de sesmaria à freguesia, de freguesia à vila em 1859, chegando a tornar-se comarca por volta de 1880. Guardadas as devidas dimensões, o território era tão grande quanto podemos imaginar. Em primeira instância, a terra foi morada do casal, o guarda-mor português José Antônio Dias de Oliveira e da mineira Ana Maria Franco de Oliveira; quando, lá pelos idos de 1817, instalaram-se na região. “O que não pode ser posto em dúvida, é que eles, os pioneiros, sofreram de solidão e desconforto; do receio de tudo que pode surgir no desconhecido, mas realizaram suas aspirações: romperam o silêncio milenar da selva intocada, plantando sementes de novas comunidades.”. (Leonor, 1976, p.15). Aos poucos, a terra vai ganhando a roupagem das pegadas humanas; as construções de taipas, a agricultura em solo fértil e as criações. A primeira família desenvolveu seus descendentes em São João e foi prosperando sutilmente dentro da província de São Paulo encabeçada pelo distrito, que era o de Moji-Mirim¹. Anos mais tarde, aproximadamente 1830, quando o povoado bastante dependente dos serviços da Fazenda Campo Triste – as terras dos Oliveira – percebe a necessidade de ocupar outras áreas do vilarejo, por isto, as primeiras casas construídas foram ao redor de onde passa o córrego São João, nos dias atuais, bem próximo da Estação de Trem, à qual vamos relatar aqui a importância. Durante o Período Regencial (1831-1840) o país vivenciou momentos de bastante exaustão com os movimentos separatistas provindos do pensamento republicano que já predominava nas Américas. Juntamente com a insatisfação das tendências políticas que iam se definindo entre os conservadores e os liberais a aristocracia rural conheceu um novo estímulo: o progresso da cidade. Durante o Segundo Reinado (1840-1889), a escravidão continuava no país e em São João, porém a lei internacional Bill Aberdeen, feita pelo parlamento inglês, extinguia o tráfico de negros. O café estava sendo plantado na região do Vale do Paraíba e avançou para o interior, por Minas, por causa da proximidade com a província de São Paulo. A instalação de fazendas preparadas para o cultivo de café foi algo muito efervescente, porque muitas pessoas enriqueceram efetivamente as suas propriedades dessa maneira. O século XIX foi transformação eclodindo, tanto que a humanidade precisou de certa dose de consciência para assimilar as novidades. Uma delas, para a nossa região, é a construção de uma estação de trem partindo o seu tráfego do ponto de Cascavel (hoje Aguaí) para São João da Boa Vista (na antiga Praça Liberdade, hoje Praça Rui Barbosa), até a ligação do Ramal com Poços de Caldas. A ligação tem um ponto específico de parada através do anguloso terreno entre a Estação de Águas da Prata até a Estação da Cascata. A Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi quem deu a largada. Fundada em 1868 e situada no coração de São Paulo, a Companhia foi considerada excelentíssima em seu funcionamento. As pessoas tinham o costume de ajustar os seus relógios de acordo com os horários dos trens, tamanha a pontualidade. Em 1872, foi a vez da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, o que vai dar continuidade à nossa história. Os trilhos chegaram a São João da Boa Vista durante a década de 80 do século XIX. Com toda essa bagagem, a Estação Ferroviária de São João da Boa Vista tem muitos motivos para ser orgulho histórico da cidade, pois é fato que a construção da estrada de ferro, como um novo modal, ligando o longe com o perto, representa e molda inclusive a perspectiva de vida de todas as pessoas. A estrada de ferro foi organizada sob a Lei Provincial nº 18, de 21 de março de 1872, que concedia o privilégio de sua construção. A obra iniciada em 1873, foi construída para atender o movimento de passageiros que se destinavam à Vila de São João com destino de locomoção de cargas e mercadorias produzidas. A empreitada foi do engenheiro alemão Nicolau Rehder e sua equipe. No Suplemento Especial do Jornal O Município, ano de 1997, o arquiteto Antonio Carlos Rodrigues Lorette pesquisou e escreveu sobre a construção da obra: “O Ramal Caldas foi talvez a mais difícil e onerosa linha férrea construída pela Companhia Mogiana, devido ao acidentado terreno entre Águas da Prata e a Cascata.”. Afinal, a expansão das linhas férreas era investimento desde a época do visionário Visconde de Mauá – idealizador da primeira ferrovia do Brasil – a partir de 1852 até o fim do Segundo Reinado, praticamente. No livro, A História de São João, Maria Leonor Alvarez Silva pesquisa junto a Matildes Rezende Lopes Salomão e fornece o Decreto Imperial nº 8.888, de 17 de fevereiro de 1883: “A Mogiana conseguiu autorização para construir as linhas férreas de Ribeirão Preto ao Rio Grande e o Ramal de Engenheiro Mendes a Poços de Caldas. Esse ramal, com extensão de 76.700 metros parte de Aguaí, chegando a São João e seguindo para Águas da Prata e Poços de Caldas. A inauguração oficial do Ramal de Caldas, deu-se no dia 22 de outubro de 1886, com a presença do Imperador D. Pedro II e a Imperatriz D. Tereza Cristina.”. (Leonor, 1976, p. 446). Certamente, o evento foi uma solenidade imperial, pois a passagem do trem mudou a percepção do tempo em que as distâncias eram consideráveis. O século XX. A sociedade experimentou e escreveu. A sociedade ultrajou e fotografou. Perto do coração, as noites, os vestidos, os trilhos primeiramente a todo vapor depois a manutenção da melhoria, o combustível, a lubrificação. Tanto o Brasil Primeira República (1889-1930) quanto o Mundo Ocidental e Oriental presenciavam a global disputa de poder que foi a 1ª e a 2ª Guerra Mundial; “Os Loucos Anos 20”, expressão usada para designar o consumo desenfreado pelas novidades; a prosperidade conquistada pelas mulheres com cabelos mais curtos; o modernismo. A crise de 1929. A industrialização da década de 1930. Contudo, o objetivo dos trilhos era gerar um novo estímulo para o progresso em São João da Boa Vista, a facilidade do intercâmbio econômico e da vivência cultural com a capital de São Paulo. O que aconteceu bravamente! Sobre o primeiro prédio da Estação Ferroviária de São João da Boa Vista temos a descrição: “Era composto por três blocos de diferentes alturas, com suas empenadas voltadas para o Largo, cobertas por telhas francesas, sugerindo o formato de challet. As fachadas, sem revestimento, deixavam às vistas o perfeito aparelhamento dos tijolos avermelhados”, (Lorette,1997, p. 16). A cidade e o ramal férreo estavam unidos para acompanhar o mais próximo do que viria a ser o centro urbano, de frente para a Rua São João, fazendo ligação com a Igreja Matriz. A estação de trem tornou-se cartão-postal, a entrada e a saída de tantas despedidas! A Rua Guiomar Novaes também é próxima ao local. Após 50 anos da inauguração do trecho em 1886, a Estação Ferroviária continuava sem receber grandes reformas pela Companhia Mogiana e entrava em período de decadência quando a imprensa sanjoanense relatou o caso. As reformas foram iniciadas por volta de 1934 a 1936, quando a Estação Ferroviária ficou acoplada a um grande armazém de aproximadamente 100 metros. “As paredes do prédio, internas e externas, foram erguidas com 30 centímetros de espessura, sobre embasamento reforçado. Esta solidez da construção é o que está garantindo sua imunidade às trincadas, levando-se em conta o tráfego pesado que passa constantemente pelo Largo. (…) Praticamente tudo é original da época, como o vaso sanitário em louça inglesa, para as senhoras, e o banheiro turco, para os homens; os balcões dos guichês, com sustentação em madeira recortada; luminárias de parede, em ferro fundido; o cofre londrino, ainda em uso; os bancos da gare, em ferro fundido, com o monograma da Companhia Mogiana; o staff – mecanismo para o controle de trens. Quanto ao armazém, a simplicidade impera, mas nem por isso deixou de receber alguns detalhes decorativos em suas fachadas, como molduras e faixas em cerâmicas velhas. No conjunto, o armazém e a estação formam um volume contínuo, uma linha perspectiva, chamando a atenção logo que se adentra a Praça Rui Barbosa.” (Lorette, Suplemento Especial, Jornal O Município, 1997, p. 21). Em 1975, a Estação Ferroviária de São João desativou o transporte de passageiros, contudo o transporte de minério continuou no ramal férreo enquanto outras histórias vão se desenrolando pelo saguão e armazém da Antiga Estação. Desde 1930, o mundo vinha participando de muitas mudanças comportamentais e com o processo de industrialização atravessamos a substituição da tração a vapor por combustível fóssil, a reorganização das linhas férreas pelo Brasil, a construção de novas ligações, assim incorporadas ao patrimônio da União. A estatização e a privatização bem como a mudança de modal como via de principal acesso ao escoamento de mercadorias para a exportação – da linha férrea ao transporte rodoviário – foram os motivos principais para deixar de garantir a manutenção necessária desse meio de transporte, que foi revolucionário. A Lei n.º 10.410 de 28 de outubro de 1971 dispõe sobre o Governo do Estado de São Paulo quando decidiu unificar em uma só empresa, as cinco estradas de ferro de sua propriedade. Naquela época, pertenciam ao Estado a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro Sorocabana, Estradas de Ferro Araraquara, Companhia Mogiana de Estrada de Ferro e Estrada de Ferro São Paulo- Minas. Assim, em decorrência dessa junção, foi criada a FEPASA – Ferrovia Paulista S.A., para gerir, aproximadamente, 5.000 km de vias férreas. A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro prestou serviços até 1971 servindo aos Estados de São Paulo e de Minas Gerais, quando foi incorporada à administração da FEPASA até 1998. A partir do século XXI a administração política e culturalmente antenada com as modificações empreende grande estímulo à conservação desta História e de tantas outras sobre os trilhos, os apitos, as partidas e as chegadas.

¹A grafia correta para todas as palavras de origem Tupi-Guarani é com “j”.

Texto Stefani Costa/historiadora

Folheto Histórico 41ª Semana Guiomar Novaes (Estado de São Paulo) Versão 2018. 

Realização: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania, Prefeitura de São João da Boa Vista, Departamento de Cultura Administração Hélio Correa Fonseca Filho. Apoio Cultural: Academia de Letras de São João da Boa Vista.

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panorama

Texto por Stefani Costa

Inaugurando dois mil e dezenove vezes. Finalmente alcançamos o dezenove vezes vidas. Agora dez anos depois. “Tudo será difícil de dizer”. E todas as histórias estão acumuladas. Como pode ver uma década – vivida e observada. Subiremos o alto dos prédios? É um desterro o contra, o ataque também. Vários suspiros. Fazer o que quiser. A primeira vez. Sempre tem a primeira de muitas. Estou fazendo o que quero e meu intestino funciona regularmente. Quantos são os mentirosos depois da chuva? E novas notícias. Absolutamente lutar pela Verdade. E ser e entender o não-ser. E ser repetitiva e não ver mais, pois viu o suficiente. Estar bem com a despedida, estar confiante – o brilho do sol é preto. A educação. O início oficial do fascismo no Brasil. Depois é necessário dormir. Um peso, um pêndulo – Qual o próximo horror – Vocês (alguma rede estendida). A escolha certa para o começo de outro calendário. Volte a colar lembretes. Cultue-se. Precisar do tempo. Demarcá-lo. Ficar feliz com o silêncio. Uma semana após tantos esforços. Séries de violências domésticas nem sequer passam próximas do episódio dentro das grandes casas de pedra. De repente, o sol novamente, a visão, a saída. Foi tão leve e surpreendente. Até parece o planejado – mas é a vida. Acreditar e é claro, o engajamento para agradecer. Tomar as decisões é agir com o coração? Onde está o engano? Foram anos bem aproveitados. Oficialmente terminamos o livro que escrevi e pude lê-lo para amigas tão bacanas… É um livro bonito. Assim também. Falaremos mais sobre história, literatura e música. Não frequentemente. Sinto-me amada por vocês, minhas confabulações. Outras surpresas do governo. Estamos sendo quem? Resistiremos ao extermínio? O que é o quê? Haverá guerra entre a nação que se julga superior aos intelectuais – fuja para as colinas (onde estou) senão perecerás (possuo alimentos) e sensibilidades, provavelmente, ainda, descobrindo o intuito do que ouço. O motivo de caminhar do lado de fora. Eu estava sem notícia e fervi as folhas do pé. Fiz o café. Queria ser uno. É uma vida de aventuras quando a gente se propõe e quando sabemos sair é mais propício. Fiquei pensando sobre o preto. Quanto jornalismo retrógrado. Afinal, negro é o buraco, não a pessoa. Chamei a cachorra para ir junto. E descobrimos um lugar sob o perímetro, mas más frequências. Um longo período de responder questões e saber se esquivar. Comi benfeitorias que normalmente não alimentam: pão, iogurte e ficamos com tesão. Contei histórias, elas riram. Então fomos interrompidas pelo funcionário da internet, que estava despreparado sem a sua escada. Muita água. Falta de paciência. Ainda ecoando qual seria o desastre continuar com aquela amizade.

Stefani Costa escrito em 17 de fevereiro de 2019 às 01:59

mariscos

Algum poema mal-intencionado
Seria a resposta de fato
Entre mil cavalos de corrida

Portanto, houve o disparate
Que soou pelos 4
(Óbvios)
Cantos ébrios de cólera

Não conheço o não preocupar
Só de vista, vislumbrar
Dois pássaros de fogo

Os elementos estão sendo subordinados
Vagueio sob as margens do rio
E silêncio farto há de subir

Doze polegadas de ébano
Uma cicatriz de poste
Um organismo orgonite

Calcificações
O seu preconceito
Bicarbonato de sódio
Minha languidez

Uma, um beijo na boca seria pouco para nós
Oh!
¡Tu y yo!

Stefani Costa escrito em 22 de janeiro de 2019  às 23:23

 

1ª tarde de julho

Aprecio o sono
Como quem
Pudera dormir
Abro vastos braços
E estico-me até você
Retiro todas as roupas
Sem nuances
Podemos ser.
Existe um brilho
Danado, cheiroso, gostoso
Que só Pedro não vê
Quando dois corpos
A pedra, os pássaros
Em projetos de elucidação
Eu avistei seus pés
Meus dedos correram
Em solução
Voltei para casa
E não experimentei
O famoso beijo destoado
Que só sei eu
E te dei
E doei
E te quis
Até que sempre
Quis eu (te deixar)
Então tudo bem!
“Flesh” carne
Descascando.

Stefani Costa escrito em 31 de julho de 2018 às 14:05

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um Q de amor

Texto por Stefani Costa

Fiquei um pouco chateada porque 3 laranjas apodreceram. Agora coloquei dentro da geladeira as outras que restaram e pretendo fazer um super suco amanhã! E trazer para casa. Meu plano de hoje é continuar com a mente serena para arranjar outros quinhentos artefatos de corte e de costura para emendar minha jaqueta. De quê eu não disse. Quero receber o dinheiro. Ah sim, vou escrever 10 poemas para entregar ao rapaz da escada rolante e dizer, leia, leia todos. Tenho poucos dias. Até o dia trinta e seis, vai chegar? Se os meus poemas tiverem lá certo valor, três dos dez, meia cinco. É um bom passo. Também preciso ver como está a minha bicicleta. No fundo, gostaria de tê-la aqui. Mas até ela teve de dar uma volta para que eu esquecesse onde já estivemos juntas. Isto mostrou-me o que fazer. Como se eu pudesse pedir por meus passos sendo as minhas pernas a glória de toda a salvação, o percurso… A predestinação é segura? Nada é! Quero realizar com muita força. A força física estacionei na vaga do supermercado e comprei muitas saladas verdes, pois a fibra é necessária querer. Admito, os exercícios da Academia. Lembro-me do choro, de esbravejar, dos momentos lindos, mas já tão distantes. E tão distantes quanto o que posso enxergar agora: nunca mais houve festa sem mim. E lá estão reformando a obra. Algo ali moldou a minha escrita perfeccionista; foi importantíssimo passar por situações surreais e de deslumbramento sem deslumbrar a mim mesma, porque fazia a pergunta por quê? Tocar é o que posso fazer por paixão, existe alguma parceira para eu berrar bravamente com o microfone ligado e ensinar a você o que é raiva: descosturada, sincera e vibrante dentro de UMA ÚNICA CANÇÃO? Continuo escrevendo o livro. Deve haver uma maneira. Quero mudar o visual ao ponto de ficar parecida com uma astronauta; azul com drink na mão, usando bigode. Precisaria beijar sua boca. No caminho quero tudo o que é meu, com saúde. Agora vou viver. Ainda mais tarde dormir. O que é (meu)?

Stefani Costa escrito em 17 de julho às 08:40

CLIO

É uma delícia
fazer ISTO
enquanto escrevo
Y espero que
ela-me-dê
(sempre)
Uma chance
de cada vez
Para que eu
aproveite bem
O instante
desta pele
Quente e
Acolhedora
Se eu puder
não vou pedir
Você sabe todas
As Posições Confortáveis
Que aveludam
Minhas mãos
Por favor,
não subtraía
não chore
Hoje temos
O que você vê.

 

Stefani Costa em 11 de julho 2018 às 20:33

 

semana 4

Não consigo lembrar o que eu fiz. Somente lembro o que vou fazer e isto posso também esquecer, se não for pedir demais. Pode ser também que os dias se misturem de tal forma que não vou (ou jamais irei) deixar de escrever. Acontece que é preciso que eu limpe meu organismo completamente do pão e do carboidrato para que eu sinta a paz derradeira derreter. Estamos, de fato, vivendo um tempo de afirmações que não são verdadeiramente corretas, uma vez que é deveras improvável que sem os dois pilares da paz: mais amor menos ego; alcancemos soluções para nossos problemas. O que imagino e o que pratico posso repassar, algo foi empírico. Nisto tudo há uma química e de perto aprendemos as medidas e as variações. Quando estamos em harmonia com o meio ambiente, em sua discrepância diária, que segue um ritmo, mas às vezes muda o ordenado, podemos, assim, entre um intervalo e outro respirar e inspirar, renovar e reaprender. Sente-se na poltrona, estique os braços e venha ver as asas para ir embora. Sei que tu vais um dia, mas bota um sorriso no rádio para cantar e use a cena. Peça o que quiser (que eu dou) - da areia branca ao surfista do beijo quente - Adeus! A tua senha me dá água na boca, eu derramo. Pede o que quiser, você vai refrescar. Até que a lua do céu seja aquele surfista da areia branca do beijo quente.

Stefani Costa em 17 de junho de 2018 às 12:12

*slide sideways 

a borboleta amarela

Texto por Stefani Costa

Encontro-me em um momento muito sério. De um lado existe o campo perfumado das flores, lugar onde as abelhas podem retirar o pólen para o mel. A fabricação do mel não diz respeito à minha saúde, mas se eu retirar todas as flores do jardim não haverá luz solar competente ao mel das abelhas. Novamente sinto-me pensando na teia que interliga tudo e principalmente nós mesmos à alguma essência de que fazemos parte do todo enquanto acredito piamente que o verdadeiro legado de alguém não são as edificações e as circunstâncias, mas a rédea que se toma à mão quando podemos ter o poder e usufruir dele com os demais. As pessoas estão lutando contra o câncer de modo que, se elas pudessem jamais escolheriam tamanha dor, mas a dor acometida pela doença enfraquece o espírito, ainda jovem e rico em proteínas que nos trazem substâncias diárias e estomacais, inclusive, porque tudo o que sentimos tem a ver com a frequência em que estamos vibrando. Voltando novamente às abelhas, lembro-me de meu pai, do que conheci. Sei que haverá tantos picos de entardecer para se sentir sozinha e aflita olhando o horizonte, contudo, dentro de seu generoso coração selvagem uma alma repousa sonolenta e inovadora. Tudo o que você respinga não é tinta, essa tinta seca e enferrujada do teu portão não encontra o meu bom dia mais. O teu carro-chefe alegórico e de plástico não me diz mais respeito, mas subo e desço a sua rua como um cachorro sem dono e com coleira, a marca indelével de que já fui de alguém. Se eu pudesse subir um prédio inteiro e de muitos andares eu não o faria. Eu soube – sistematicamente falando – que um homem se jogou de lá e uma mulher de caminhão vermelho o esperava para casar. Por que ele se arremessou? Nesse estardalhaço que é viver e existir nós estamos nos sentindo cansados e abatidos e o mundo querendo outra guerra. A guerra da fome, a guerra da peste convicta de que há mesmo uma supremacia branca regendo com a cartilha do faça-você-mesmo porque nossas-crianças-estão-cheias-de-cemitérios-em-formato-de-computadores-de-mão e todas as mães quando se tornam mães querem acreditar que o filho concebido será plenamente amado nesse mundo tão injusto e cruel. Oh pobre de nós, que somos pais e filhos e não sabemos nem ao menos o que buscar nesse outro alguém que nos permitiu nascer. Pois sim, claro, é permitido abortar pelo simples fato de que temos livre arbítrio independente de escola ou religião. Deus, ELE, não se esqueçam dele e dos pilares que sustentam essa congregação: a filosofia grega, o direito romano e a religião cristã. Por que diabos estou falando disso outra vez? Estava eu lendo jornal semana passada quando vi o olhar de um garoto tão sorridente que era possível rir com os olhos ao vê-lo transitando de um espaço ao outro e preenchendo esse espaço com a sua doçura, com a sua meninice de menino bom, mas sem família. O que é dormir em um aquecedor em São Paulo enquanto muitas pessoas não se importam com a sua identidade? O que é a sua identidade? Esse menino levantou-se pela manhã e nem sequer havia um pão (isto é simbólico) para engolir e quantos de nós estamos na posição inversa e não pensamos nele? Não é preciso pensar agora. É preciso pensar depois, por enquanto quero que continue lendo o que estou escrevendo aqui – em tempo real – e sem confundi-lo porque quero ser honesta com você assim como sou honesta comigo o tempo todo. Uma vez eu disse que só a noite eu mentia, e é verdade. Uma mentira pode ser uma verdade tão insolente que nós mentimos o tempo todo sem torcer o nariz. O meu enorme nariz esperando por uma agulha e uma argola. O seu seio é imperatriz. Não chuparei suas partes íntimas como motivo de glória, porque a glória está mesmo é no seio da mãe, da mãe que pariu e que fez vencer as tantas armadilhas e os sortilégios, porque o momento em que estamos sendo teia é com o cordão umbilical. Depois disso podemos virar pro lado e dormir porque as noites não são tão ricocheteadas como o peito agora que vejo fora do útero, fora da vagina, fora da possibilidade de ter um pai novamente, mas com todas as oportunidades abertas para o  eterno desassossego em entender a humanidade que tenho dentro dos meus olhos. Vejo as minhas mãos – são mãos de escritora – lisas, escaladas e agora sujas de terra porque me lavei como uma minhoca e deslizei na garganta profunda dos sonhos que ainda vão se realizar por aqui. Estou no centro do mundo periférico e tudo o que desejo são arranjos musicais que me façam flutuar para o oceano pacífico porque eu gosto desse nome e desejo tatuar no céu da boca o gosto da verdadeira saliva que sinto – refrescante como um beijo apaixonado. Eu quero me casar e fazer filhos com você, porém – agora estamos surdos outra vez. Me ame pelo o que demonstro ser, mas me ame discordando de mim para mostrar sempre o que é andar com lealdade, com fidelidade e sem esse desterro já estaríamos todos soterrados como os incestos em Cem Anos de Solidão. Meu Deus! Eu saí do horror que era aquela vida dura e há quem diga que toda síndrome possa ser chamada de “borderline” enquanto que essas pessoas traíram umas às outras pelo ego, pelo colo matriarcal de uma mãe que é blasfêmia pura e que não é a minha mãe. Entretanto, essa outra mãe procurou a mim (dias atrás) para falar sobre o seu legado rejuvenescedor. Então: entre uma montanha e outra encontro-me com Zaratustra, sento-me em seu sofá de lata e reflito e perdoo vocês, porque eu sou mulher, eu gosto de ser mulher e eu errei tanto que entendi o que posso ser sendo mulher. Mentira de novo. Estou me preparando melhor para o perdão 100%, mas te esqueço, te tranco na gaveta. Graves erros e a minha honestidade, agora o meu autoperdão sem comiseração alguma. Portanto, vai-se embora o primeiro pássaro, o segundo e mais o terceiro. No fim da tarde tenho um café quente esperando uma ligação. Eu tenho certeza, eu tenho a absoluta destreza de qual é a missão. Escrever para vocês o indizível. Eu traduzo e planifico, porque assim como a terra é chão, é do chão que estou saindo para o pico mais alto da galáxia e lá não vou drogar nada, não vou entorpecer ninguém, porque o que eu possuo é a lucidez e a consciência de que toda a matéria que habita em mim é especial e por isto vos digo em bom e alto som: sigam sem parar, não há atalho, sintam-se em casa comigo, porque sou insolentemente real, verdadeira e única. E esse título poderia ser sobre todas as informações de bulas de remédio a prateleiras de supermercado. No entanto, vou realizar todos os trabalhos com o mais digno esforço e vencer sem precisar usar entre duas pernas ou outras, só para proteger algo que não é meu – o que é meu – vem de modo natural. Estamos sendo abençoados. Assim acontece o abalo da estrutura do Estreito de Bering. Eu vou fazer a passagem, estou fazendo. Soltei a sua mão no simples retrato de mim que havia em sua casa. Despeço e peço licença, vou escolher o feijão, montar o prato, alegrar o cachorro e esperar pelo convívio entre os gigantes, os de boa alma. Iremos reconhecer e poderei finalmente respirar o vento doce do jardim de inverno, porque minha mãe acordou e percebeu que é tão humano errar quanto ter crescido sem meu pai, que morreu por estar vivo sem perceber. Assim como o tempo nós podemos reinventar todas as sextas-feiras santas e ressuscitar Cristo em cruz, e sem cruz, amar a nossa cruz; carregar, pregar e deixar de sofrer. Sem vitimismo, consigo vislumbrar adiante. Deixei pra lá o coronelismo de que nunca bebi e sei que posso ser todas as profissões, porque trabalhar é o que podemos e fazemos por vários de nós. O resto fica a cargo da Instituição, que me deixa falar em público e continuar escrevendo.

texto de Stefani Costa /// /// /// ///// Escrito em 21 de abril às 22:40 

encarte

Enquanto palavras sinceras ecoam por entre os lares
Enquanto amores imperfeitos designam oposições
Enquanto nenhum de nós está a salvo
Da explosão
Da metamorfose
Que é crescer
PRIMEIRO: através
do
casulo

E quando a capa quebrar e ferida virar
Veremos que a palavra dita sobre o amor
Nada mais é do que uma cicatriz
QUE CONSOME
QUE SOME

Desde lá pra cá
Perguntam os sábios: — “o que é o amor?”
As belas maneiras dessa resposta: melhor não
Amar é simplesmente sentir e não pensar em sentir.

Felizmente, esse amor
É sobre todas as vicissitudes
É sobre todas as circunstâncias
Mas,
Eu não quero lembrar
Pois,
O amor é chama dada e
Deve permanecer acesa em
Cada âmbito de nossas
Inevitáveis destrezas.

Ao escutar esse som,
Daqui alguns anos
(Perguntarão)
— “Que som é esse?”

Assim é o amor (Felizmente)
O amor despertado não deixa
Nunca de existir. E nesse
Emaranhado
Podemos sentir
O som que é sentir.

Stefani Costa /sem data

água nova brotando

Olhares rançosos
Não vão destoar
Toda a energia
De você pra lá

Então vai
Siga essa luz
Pra ela te proteger
Em formato de cruz

Eu mesmo
Quero ver
Muito mais gente
Parecida com você

Que é pra me lembrar
De onde eu parti
E o que eu deixei
Pra não mais voltar

Então vai
Siga essa luz
Pra ela te proteger
E você percorrer
O que tem de ser seu

escrito por Stefani Costa 

Mesmo que seja sem fins lucrativos, não copie o meu blog
Even if it is non profit, do not copy my blog

desamarrota

Texto por Stefani Costa

Estou muito mais pronta para responder perguntas imediatas do que ficar bastante tempo pensando sobre elas. Já me questionei e venho me questionando até que ponto me conheço ou conheço meu corpo. Agora mais do que sempre ou todos os outros dias, eu quero me respeitar de tal forma que eu leve somente a paz dentro de minha barriga. Quero florescer a larva da borboleta. A borboleta vai cruzar o oceano pacífico e assim pousar. É um zeloso caminho a fincar pedras em sol raiar. Mas quando penso que posso regenerar todo o mal que a mim fizeram e que devolvi, erroneamente, mais uma mão a me puxar para demonstrar o olhar que as pessoas colocam sobre cada passo que já demos e terá valido a pena tantas coisas. Acima de tudo, eu agradeço a forma como as coisas são – nada fáceis, prazerosas, deliciosas, gigantescas. Uma hora ou outra a verdade se mostra a tal ponto que não há retroceder, não há parada, temos de seguir em frente como no corredor e dar passagem. E se doeu? Doeu igual ralar o joelho, fica a cicatriz, que se faz carne. Qual é a palavra que sangra? Claro que as lembranças fazem parte de ti. O que é combustível pode ser recordado como manifestação do belo, não do ego. O eu interior ainda está, mas não é mais tão machucado como das outras vezes porque aprendeu quando se redimiu. Sabe onde pode e onde não pode estar e entrar. É solene. Gostam de você pela seguinte estrutura: você é transparente, e nem sempre será assim, mas mais do que qualquer outra coisa, o que você conquistou é a inteligência do agora: desfrute disto. Começou a se dedicar muito nova e levou a sério. O que te coloca como um impulso. Pros olhos deles: puro desdém social. Pode até soar invejoso e ciumento o que você proporciona, mas a paz que é possível alcançar jamais roubará a mente de quem voa. Com a mente junto, o seu corpo corresponde com mais frequência. O que pode e deve ser sentido em alma. O seu corpo é capa protetora, é a sua vestimenta. Desamarrota. Da melhor maneira possível vai sentir cada parte com maravilhada esperança de que quero seu movimento expressivo. Nem sempre serás jovem, mas envelhecerás como poucas pessoas (dignamente sempre bela). Irresistivelmente. O que vem depois disso? Bons amantes se despedem… Para não mais, 1, 2, 3… 2. 3.

Stefani Costa /sem data 

o século XXI atingiu a maioridade

Texto por Stefani Costa

A libertação do corpo aconteceu em dia ensolarado com fortes pancadas de chuva durante a noite que se fazia. Todo o melaço na pele, a estonteante pele que fascina, e depois as unhas em tom rosa choque para a feminilidade em questão, sempre posta em questão, não? Então, houve o apreciar do dia e o cair da noite em definitivo tom de cinza escuro. Era aquela a hora. Mas não sem antes conferir o fundo monetário disponível, o café apaziguador servido pela moça quase sem esperança no que estava por vir, contudo, fazendo o seu dia-a-dia com um sorriso satisfeito no rosto. É assim, existe a probabilidade de a gente ser contraditório quase o tempo todo. Mudamos demais. Já não percebemos? E seguimos em frente com o carro. A escolha tinha de ser feita única e exclusivamente por mim e eu precisava da posição dela para a minha escolha também. Então a visão da percepção me mostrou o caminho e o tempo. Essa relação é colocada em xeque-mate durante momentos em que estamos realmente vivos. De faro aguçado também. A ponte agora se fazia destrutível. A ponte agora não há retorno. A ponte do agora é sempre esse trem que canta desenfreadamente pra frente. Jogar fora foi algo que exigiu minha concentração. Jogar fora é mais do que dizer adeus. Jogar fora é apertar pra sempre e de uma só vez o botão da descarga. Eu não queria falar nesses moldes pois fere o meu leitor. Fere a mim também. Feito isso, o rosto do homem enlameado, assustado, barbado passando sobre “nós”. Eu não ousei ver os olhos dele. Às vezes é possível sentir com os olhos, mesmo que Pessoa tenha escrito que “sentir é estar distraído”, eu vejo que os olhos são a distração do sentir que não quero. Seria uma revolta “o que os olhos não veem o coração não sente”. Verdade das verdades, não vi, mas vi só no cantinho do olho, porque a gente é mesmo curiosa. Pegamos o caminho que faltava para a conclusão – ou não – do que estamos buscando: a paz de espírito. A estrada continuava, era simples e bonita, tinha algo de bom nela. Agora não sei precisar a matéria, mas a ponte era exatamente como na visão – branca e antiga. Todas as coisas brancas e antigas lembram giz. Bem, é o lugar que nos procura irremediavelmente e não nós mais – agora incluo até o carro como parte do negócio. Esse carro também tem algo de bom dentro dele, não necessariamente os bancos, essa palavra de tantos significados. A luz e a casa, uma casinha. Então, dê a volta e me entregue ali. Depois volte para me buscar. Ou melhor, fique me esperando e eu entrarei no carro sem olhar pra trás. Isso me fez lembrar aquele filme espetacular do Kubrick, sem apelações, só quero mesmo dizer que filme inesquecível – e de olhos bem fechados – vi tudo abertamente. As imagens, os santos, os pretos, os velhos e as crianças. Quanto mais suas cores são caramelizadas, mais eu gosto e acho interessante. Acho com tonalidade de certeza. A gente diz assim que é pra facilitar a fascinação. Dia desses também vi que estar interessada é mais do que ser interessante. Não há superioridade nisso, apenas efeito de satisfação mesmo. A gente fica vivendo a vida pra ficar é satisfeito. Observem o sexo e a coisa toda. Quase que nos desenrolamos só pra isso ficar chato! Eu quero sempre é ficar conversando e aceito – numa boa – o sexo mentalmente oferecido, se é que podemos pensar nisso agora, porque sentir é estar distraído, já que Pessoa escreveu, então, é. Fiz a entrega. E alegremente recebi a chuva como confirmação do bom trabalho feito. A chuva chega a ser tão abençoada que me comove na pele ver sua água descendo, desenrolando, amando cada parte do corpo que vibra em felicidade. Sim, agora, estamos livres. Exatamente eu e você. Sim, você que me lê. Sinta-se livre a isso também. Daqui vejo que são palavras que me jorram aos ouvidos e conto um segredo: é muito mais prazeroso escrever do que ser lida. Verdade é que essa afirmação pode ter sido dita muito tempo antes de mim. Virginia Woolf pegou esse feeling. É uma liberdade e tanto escrever sinceramente pra vocês e até usar uma palavra em inglês. A chuva continuava e eu tinha que me proteger dela como os pássaros fazem. Entrei no carro porque não tenho asas. Voltamos sem olhar pra trás. Então há nisso tudo um recomeço do marco zero. Um início esplêndido e recôndito para que seja desvirginado por alguém de bom coração. E não é o que buscamos? Voamos. O tempo corria e era a hora de arrumar as malas e causar a despedida. Amamos verdadeiramente os principais familiares. Como são importantes os cachorrinhos e as criancinhas. Agora o momento é delicado. Vocês poderão sentir. Venham todos comigo ver a deliciosa magia que é estar vivo, em absoluta sintonia com o ambiente. A saída para o destino inédito ocorreu na madrugada, exatamente às 5 a.m. Isso é tão surpreendente pra mim, que deu tempo de fazer tudo e ainda me sentir plenamente inspirada a seguir acreditando – acreditando tanto. Apertei o gatilho da lucidez como quem diz – eu me amo e não precisarei preencher essas paredes, vou pintar com as mãos – e meu coração leve saltou da gaiola que prendia o pássaro, que de tão triste, não cantava mais. Página virada, jamais esquecida, página nada de interrompida, missão cumprida. As estradas nunca estiveram tão bonitas e minhas como naquela manhã que despertava e meus olhos queriam ver tudo.

Stefani Costa /// /// /// ///// sem data 

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A história da pianista sanjoanense GUIOMAR NOVAES

GUI
OMAR
NO
VA
ES

40ª Semana Guiomar Novaes
1977-2017
São João da Boa Vista/SP

Texto por Stefani Costa

Guiomar Novaes nasceu em São João da Boa Vista/SP, no dia 28 de fevereiro de 1894, por volta das quatro horas da tarde, bem perto do espetáculo dos maravilhosos crepúsculos que caracterizam a cidade de nossa pianista. O local de seu nascimento, como era de costume do século XIX, foi na residência da numerosa família Novaes – dezesseis irmãos esperavam Guiomar Novaes chegar ao mundo – na Rua Teófilo de Andrade, nº 343. O pai de Guiomar Novaes, Manoel José da Cruz Novaes, nasceu em Vassouras/RJ no ano de 1849. Tinha como profissão a negociação de café. A mãe, Anna de Carvalho Menezes Novaes, nasceu em Areias/SP. Era grande apreciadora de música, tendo escrito algumas obras musicais. Quando o casal Novaes deixou a cidade de São Paulo para visitar a família de dona Anna, mãe de Guiomar Novaes, em São João da Boa Vista/SP, eles não sabiam que permaneceriam muito mais tempo do que o planejado. O casal Novaes contribuiu anos mais tarde para que esta cidade passasse a ser citada na imprensa internacional como o berço de nossa pianista brasileira. Os pais de Guiomar Novaes eram afetuosos, religiosos e sobretudo educadores dos filhos, com muita música no lar. Afinal, perceberam que a décima sétima filha revelava dons excepcionais e não perderam tempo em incentivar o estudo do piano para a jovenzinha Guiomar Novaes. Aos 4 anos de idade, Guiomar Novaes começou a tocar piano com muita sensibilidade, praticamente de ouvido. Aos 6 anos, a família Novaes estava de volta a São Paulo e posteriormente os pais escolheram o professor Luigi Chiaffarelli (1856-1923), estimado italiano, que ensinou a Guiomar Novaes não somente as notas do piano, mas a profunda devoção pelo instrumento. Guiomar Novaes foi aluna do mestre Chiaffarelli a partir de 1902 até 1909, depois foi para Paris estudar e concorrer ao seu primeiro prêmio. Por isto, a arte para Guiomar Novaes significava tudo. O que a música significou em sua vida desde quando começou a tocar foi que a pianista não progrediu no sentido comum da palavra: ela foi uma revolução, um fenômeno e assim trabalhou a sua arte de tocar as mãos delicadamente sobre as teclas do piano. O ano de 1906 marcou Guiomar Novaes. Com apenas 12 anos, ela começou a tocar a composição que fez do nosso país um pouco mais conhecido de forma artística no exterior: “A Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro”, de Louis Moreau Gottschalk (1829-1869). Este pianista e compositor americano criou uma série de variações sobre a música de Francisco Manuel da Silva, o autor da melodia do Hino Nacional Brasileiro, e Guiomar Novaes tocou brilhantemente cada arranjo! A descoberta da pianista Guiomar Novaes ocorreu através do governo do Estado de São Paulo, que lhe concedeu a oportunidade de estudar na capital da França, Paris, em 1909, aos 15 anos de idade, tamanho era seu desempenho. Assim que a jovem pianista desembarcou, um convite a surpreendeu. A Princesa Isabel, que morava perto de Versalhes, gostaria de ouvi-la! Foi dessa maneira que Guiomar Novaes emocionou nossa compatriota! No Conservatório em Paris, 331 concorrentes prestavam o concurso de piano. A determinação de Guiomar Novaes e seu modo de tocar a fizeram conquistar o 1º lugar do concurso e obteve com disciplina e dedicação o prêmio do Conservatório de Paris em 1911, aos 17 anos. Nessa época, seu segundo professor Isidore Philipp (1863-1958), pianista e compositor húngaro, naturalizado francês, viu de perto, junto de sua aluna, Claude Debussy (1862-1918) pedir a repetição da 3ª Balada, de Chopin, pela apresentação no Conservatório, em Paris. Algo raro de acontecer. Com orgulho, o professor Isidore Philipp disse sobre o talento da aluna: “Ela não aprendeu nada comigo, eu, sim, é que aprendi alguma coisa com ela”, afirmou ele. A pianista fez sua primeira turnê em 1915, nos Estados Unidos da América, em companhia de sua adorável mãe. Guiomar Novaes estava com 21 anos, morava em Nova York por causa da quantidade de concertos que fazia e seus compositores mais executados nesse período foram Paderewski e Hofmann. A pianista possuía a técnica adiantadíssima, o colorido musical e a interpretação com serenidade, qualidades que mantinha em palco junto com seu zelo artístico. Guiomar Novaes sabia que não é só gente que gosta de música que vai aos concertos, mas gente que sabe música. E isso dá muito valor aos aplausos que recebeu ao longo de sua carreira. Logo depois, o avanço da 1ª Guerra Mundial alterou a agenda de compromissos de Guiomar Novaes. A pianista voltou ao Brasil e se apresentou em recitais, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Guiomar Novaes não apostava em propaganda, pois não era seu modelo de pensar. De modo que cada um que a ouvia tocar, contava para o outro. Uma propaganda silenciosa e honesta, que foi de vento em popa. Os compositores prediletos da pianista foram: Beethoven, Bach, Brahms, Chopin, Schubert, Schumann, Liszt e Mozart. Guiomar Novaes gostava de interpretar obras de compositores brasileiros: Henrique Oswald (1852-1931), Alberto Nepomuceno (1864-1920), Júlio Braga (1918-1993), Carlos Gomes (1836-1896) e Heitor Villa-Lobos (1887-1959). São Paulo, 1920. Coisas do coração também têm suas notas e nossa pianista conheceu o homem que se tornou seu namorado e depois marido, companheiro de vida, seu nome: Octávio Pinto. A verdade é que Guiomar Novaes e Octávio Pinto se conheciam desde 1909, porém, nesse ano, a jovem pianista foi estudar em Paris e depois disso sua vida mudou muito. No entanto, o futuro marido acompanhou o trabalho de Guiomar Novaes de perto, até que em 1920 começaram a trocar cartas e depois a namorar. O noivado aconteceu em dezembro. Mais tarde veio o casamento. Anos depois, Guiomar Novaes afirmou que ele também compunha músicas, que era culto e inteligente. Foram únicos namorados a vida toda. Em 1922, Guiomar Novaes tocou na Semana de Arte Moderna, no Theatro Municipal de São Paulo, “O Ginete do Pierrozinho”, obra de Villa-Lobos, que ela tanto gostava. Em 22 de setembro de 1923, Guiomar Novaes tornou-se mãe. Uma menina, de nome Anna Maria Novaes Pinto. Nasceu em Nova York. Aos 30 anos de idade, a nova mamãe encontrava-se plenamente realizada como artista e mulher. Principalmente não havia dúvidas: Guiomar Novaes era a maior pianista do mundo nesse momento. Em 30 de outubro de 1928, Guiomar Novaes é mãe pela segunda vez! Um menino, de nome Luiz Octávio Novaes Pinto. Nasceu no Brasil. A família passou o ano todo cuidando dos filhos. Durante esse tempo no país, Guiomar Novaes se identificou com mais um compositor brasileiro, o mineiro Fructuoso Vianna (1896-1976). Alguns anos depois, em 1933, Guiomar Novaes teve a oportunidade de tocar com a filha Anna Maria uma composição do marido, Octávio Pinto, “Marcha dos Soldadinhos”, em Campos do Jordão/SP. Guiomar Novaes e seus momentos vigorosos: a pianista tocou na Casa Branca, entre 1937-1938, para o presidente americano daquela época, Franklin Roosevelt, que se enchia de orgulho ao ouvir suas apresentações. Em 1939, Guiomar Novaes foi homenageada pelo Conservatório de Paris, não só por ter sido o Premier Prix, mas também por suas magníficas interpretações. Ela também recebeu a insígnia da Legião de Honra. Grandes condecorações, totalmente conquistadas com a paixão e a disciplina da pianista. De volta aos palcos depois da 2ª Guerra Mundial, Guiomar Novaes tornou-se avó, em 1946, de Maria Cecília, a primeira neta, filha de Anna Maria. Em 11 de setembro de 1946, São João da Boa Vista recebeu a visita de Guiomar Novaes, que gentilmente cedeu um concerto em prol da Casa da Criança e justificou sua ausência de anos – estava fazendo sucesso mundo afora! Guiomar Novaes ficou aproximadamente dois anos longe dos palcos para descansar. Voltou a brilhar em 1949, ao homenagear Chopin, em Nova York. As comemorações do 15º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão foram marcadas por várias programações artísticas. De cada continente, a ONU convidou um artista notável. Da América do Sul, a escolhida foi Guiomar Novaes. Em 10 de dezembro de 1963, na sede da ONU, em Nova York, nossa pianista tocou docemente Chopin e Villa-Lobos. Os anos continuavam a passar e musicalmente Guiomar Novaes não tem idade… com o mesmo entusiasmo que havia partido para os EUA, em 1915, continuou sua carreira de forma a ser escolhida entre todos os artistas do mundo para inaugurar em 30 de abril de 1967, o Queen Elizabeth Hall, em Londres. Guiomar Novaes é como um lindo e raro pássaro, sobrevivente de uma espécie em extinção. Ela atingiu com a sua arte, essa condição excepcional, que justifica Beethoven, que via na música o caminho mais próximo da divindade. Na realidade, Guiomar Novaes não interpretava Beethoven, ela conversava com ele ao tocar, e o que nos chega é a tradução desse diálogo. Despedindo-se dos palcos, em 18 de dezembro de 1972, Guiomar Novaes encerrou definitivamente suas apresentações no exterior. No Brasil, em 1974, começou a aplicar estudos para Claudio Richerme, importante pianista sanjoanense. A verdadeira arte é uma devoção. A maneira de tocar de Guiomar Novaes é como uma água fresca jorrando do topo da montanha o seu estrondoso contato com a música, por isso vive até hoje. O que para ela é o que podemos dizer, tem consistência e conteúdo, magia e técnica, aguda percepção. A partida. Em 1979, a pianista sofreu um derrame cerebral. Apresentava estado de saúde frágil. Às 8 da noite de 7 de março, vítima de infarto, faleceu em sua residência, em São Paulo. Seu velório foi na Academia Paulista de Letras. Em 1977, a Prefeitura de São João da Boa Vista criou A Semana Guiomar Novaes, inaugurada em junho e contou com a presença da pianista. A Semana Guiomar Novaes acontece anualmente e neste ano (2017) está em sua 40ª edição através do Departamento de Cultura em conjunto da Secretaria de Estado da Cultura e Associação Paulista dos Amigos da Arte – APAA.

Texto: Stefani Costa/historiadora

Guiomar Novaes

Realização: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura, Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), Prefeitura de São João da Boa Vista, Departamento de Cultura Administração Hélio Correa Fonseca Filho, AMITE, Academia de Letras de São João da Boa Vista, ACE, Editoração Agnaldo Manochio.

Folheto Histórico Guiomar Novaes 2017

Folheto Histórico 40ª Semana Guiomar Novaes (Estado de São Paulo) Versão 2017.

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história de Águas da Prata (amada cidade-estado do O.P.)

Texto por Stefani Costa

A história de Águas da Prata acontece a partir do momento em que as belíssimas matas, que até hoje compõem o rico cenário do bosque da cidade foram avistadas pelos primeiros habitantes da terra, na época em que o planeta passava por muitas transformações geológicas e só havia animais selvagens e a natureza abundante por todo lugar. As primeiras andanças pelo território datam da descoberta dos metais preciosos, entre a transição do Brasil Colonial (1500-1822), onde hoje está Minas Gerais e durante o Segundo Reinado (1840-1889), com o café, quando diferentes perspectivas atingiram o crescimento da antiga Vila da Prata na movimentação de seu desenvolvimento econômico e social. A história avança. No ano de 1876, em pleno fulgor do século XIX, um caçador, alfaiate e dentista andava pelas terras quando ouviu o barulho das águas sobre as pedras, deixando uma rica bica para os animais. Rufino, surpreendido com o filete de água, bebeu-a com muita vontade e percebeu o alívio da cura estomacal dias depois, porque sofrendo de dores terríveis, essa exuberante água possuía um gosto peculiar de renovação da saúde, o que o deixou muito intrigado. A respeito da descoberta, Rufino foi contar aos engenheiros que trabalhavam na construção da Estrada de Ferro Mogiana, ponto que ligava a produção cafeeira da região com a capital do Estado e a cidade de Santos/SP. Os trabalhadores experimentaram a água e concordaram com Rufino, a água era uma bênção natural da existência e estava ali para ser apreciada, degustada e preservada. Para isto, a construção de uma caixa de cimento como reservatório foi o primeiro passo dos engenheiros, com o intuito de armazenar a descoberta e utilizá-la como fonte. Entretanto, os sais minerais corroeram o cimento e a água começou a ser usada pelos colonos de outra fazenda, dez anos depois, em 1886. (Bem no ano de inauguração da Estação Ferroviária de Trem que ligava São João da Boa Vista com Aguaí (Cascavel), Águas da Prata (e o ponto da Cascata) até Poços de Caldas/MG). Assim foi que Águas da Prata contrariou um pouco a tradição histórica brasileira, onde os povoados surgem ao redor de uma igrejinha… Águas da Prata nasceu em consequência da economia cafeeira e do descobrimento das águas terapêuticas, não necessariamente nessa ordem. Inclusive, a Primeira República no Brasil (1889-1930) modificou a Vila de Águas da Prata para Estância Hidromineral por causa da específica qualidade de suas águas – no Estado de SP existem mais de dez estâncias hidrominerais – em Águas da Prata tem mais de dez tipos de fontes com propriedades medicinais. Orgulho máximo do Estado de São Paulo, do Brasil e do Mundo. Por isto, em 1925, foi promulgada lei, criando o Distrito de Águas da Prata, do Munícipio de São João da Boa Vista/SP. Quase uma década depois, em 1934, foi criado o Munícipio de Águas da Prata, sob decreto nº 6.501, de 19 de junho de 1934. A cidade obteve a emancipação política depois da visita do governador paulista Armando de Salles Oliveira, em 1935. Águas da Prata tornou-se Município e Estância Hidromineral com base em suas diversas águas, em sua magnífica vegetação e clima fresco. A magia e a paz que Águas da Prata carrega desde seus primórdios de vida fez-se oficial – em 03 de julho de 1935 – sendo esta a data da comemoração de seu aniversário! Águas da Prata é especial! Uma das cidades mais charmosas, um verdadeiro paraíso cheio de árvores!

Palavras escritas para a comemoração do aniversário em 03.07.2017.

Stefani Costa – Escrito em 06 de agosto de 2017 

*disponível bibliografia de pesquisa 

AS MÃOS DO JOALHEIRO

sem título V

Tenho medo de paralisar
enquanto a filosofia diz
É só mais uma fase,
uma ferida para secar
Tenho medo de ser sozinho,
enquanto sou um ente
Querida é a irmã espiritual
que te salva, te guia
As folhas caem na terra,
e assim há renovação do lar.
Seiva nasce onde
pássaros se encontram…
Adeus cordas que amarram,
quero ir até o fim das estrelas…
Para descobrir o que fiz
nesses trinta anos

Stefani Costa 

 

escrita poética, escrita da vida O.F.

Texto por Stefani Costa

Chegou a hora de acontecer. Por todas as instruções e pessoas que encontramos graças ao sortilégio da vida, essa que nos foi dada no exato momento do choro; hoje o choro é pura vitória. Das mais claras águas cristalinas, nosso Deus! Poder escrever é uma delícia.

Na imensidão dos sonhos e por dentro de tudo o que é cintilante e brilha: a escrita é uma autorização. Por isso há advertência! “Se você tem cabeça e coração, mostre apenas um de cada vez”. O balanço da caneta fluindo tinta preta no papel branco, assim como o vento faz com o meu corpo; o corpo escrito; o corpo tocado é sentimento. A escrita tem dessas fases, “incendiada doçura”.

Não basta a nós mesmos o possível da comunicação. A escrita emite um som: o som das palavras. E nesse eco deslumbrante somos carregados às maiores canções, cantigas, poemas e poesias. “Aqui tem poeta e poesia”. O duro afinco e a decisão: tudo o que escrevemos é o som do Universo; tudo o que alcançamos ou transmitimos com a escrita, vem, necessariamente, de nossas almas. Ah, como é bonito. É preciso florescer a rosa.

Texto escrito com profunda ‘participação’ das poesias “NUVEM” e “JARDIM”, do livro: “Rosácea” (1986), da sanjoanense Orides Fontela, poeta que transmite segurança e conforto. A mim só transparece o diamante: bruto/brilhante/celestial.

Stefani Costa 

SEM TÍTULO IV

Quero ter em mãos
Todos os sonhos
E os leves sinos
Da bagagem do plural

Quero estar no fim do pôr do sol
Segurando um triângulo vermelho
E fazendo amor por outras vidas
Um copo, colares, insinuações

Quero ter todas as paixões começadas
E se não for só eu
Vou escancarar amor por poesia
Atrás do vestido que balança

Dentro do verão
Quero trocar as lâmpadas
Encaixotar os relógios
E descansar no tempo

Quero o gole gelado
Vou enobrecer o santuário!
Quero ser o vigarista
Um saudosista solitário

Pobre jovem confuso
Ama-te primeiro
Deixe a dor passar

O que faz crescer, tem fome?
Devore livros
Consciência

A vida passa
A vida canta
A vida vai

Stefani Costa 

 

GRANDE OTIMISTA

Texto por Stefani Costa

É preciso escrever algo bonito para o dia de hoje. Sinceramente, admiro, mas não invejo o brilho do raio de sol na minha pele e não importa a cor da tonalidade, pois está iluminando. Tampouco importa se ao meio dia vou secar roupas com esta mesma luz: irrefreável e completa. Quando, à noite, não tenho mais a luz, posso sair de meu lugar favorito, que é sentir, para percorrer longas e nítidas avenidas ao lado do grande público perdido. Qual será a próxima manhã ordinária em que estaremos livres do conceito antes do conceito? É estranho explicar porque mãos severas podem determinar assinaturas, contratos e dogmas. Escrever é incomodar também. Mas neste incomodo soberbo de fincar os pensamentos no papel, as palavras desfazem um nó. Vejam o bom dia do frentista do posto, ouçam o olá do entregador de pizzas, o como vai do candidato parlamentar sem falsas promessas ou assíduas intenções. Estaríamos sendo ingênuos ou só um é capaz de saber? Atravessando uma rua qualquer, agora faz frio. Aqueles homens conversam sobre o futuro, o que vai ser depois de amanhã. Um ou dois dias de folga e já consigo ver o sermão do padre, os motivos categóricos, a palavra amiga, bajuladora, odiosa. Não poderemos jamais desafiar o motivo da FÉ, a FÉ que move montanhas com retro escavadeiras. Aquele óculos da ótica, o grau de uma lente de contato, forçando a visão para enxergar um pouco mais além do que os dois mil anos atrás. Em cada frase de diálogo, um pouco de repetição. As pessoas, no coletivo, alienaram-se diante à natureza – bela e rica – desde que aprenderam a dominá-la, a castigá-la a tal ponto de destruição de toda a vida orgânica da terra para efeito de tornar possível o que é inconcebível, segundo esta FÉ. Por todos os anos, a privação fundamental dos direitos humanos manifesta-se, primeiro e acima de tudo, quando alguém decide que o seu lugar não é mais um lugar, porque não toleram o seu jeito de viver e a opinião significativa passa a ser a ação eficaz em diluir, atirar, acabar. Algo mais fundamental do que a liberdade e a justiça, são os direitos de cada um em vir a ser o que quer que sejam com amor & solicitude. No entanto, estamos em jogo quando esta sociedade manipulada por dogmas (de novo) – nunca duvidem do poder da negação – deixa de ser natural para atender aos desejos daqueles que pertencem à comunidade do crime. Esse extremo é a situação que vejo agora, mesmo com a luz do sol em minha pele, que não é branca, nem preta, nem escurecida pelo cansaço em debater sobre opiniões banalizadas pela TV. A situação em que vivemos é que muitos de nós estamos privados de nosso direito à liberdade, de ação, e de pensarmos como quisermos também porque aqueles homens que conversavam sobre o futuro gostariam de ver o frentista, o entregador de pizzas e o candidato parlamentar prometerem paz, segurança e equilíbrio a todos os transeuntes da avenida, que queima, queima, queima como uma estrela, como uma poeira. De novo amanheceu. O que gostaríamos de ver neste novo dia? O ser humano, sem medida, sem sexo, sem especulação, sem mortes, apenas sendo e existindo. Que coisa bonita para o dia de hoje! O que me importa se você prefere… E no fim, tudo era um problema de organização política, indubitavelmente castigada pela religião, e não só pela religião.

“O mundo não viu nada de sagrado na abstrata nudez de ser unicamente humano.” ARENDT, Hannah.

Stefani Costa 

lágrimas

Lágrimas
Tempestade momentânea dolorida
Tempo
Marcador universal do bem-estar
Uma pontada no peito
Você
Se doer mais do que o habitual
Olharemos o espectro
Noite
Interrogativa aflição
Onde estarei amanhã de manhã?
Se o mundo não acabar
Contarei meus pedaços
Expostos como tapetes de carne
Trompetes
A audácia de não ser o outro
Ver no outro o que não posso ser
Dor
Agulha afiada sem medida
Deslizando na garganta dos sonhos
Atadura
Feche a porta atrás de nós
Silêncio
Tua partida deixará um buraco
Vida
Muito mais feliz sem pressa
Chuva

Stefani Costa 

 

SOLTA

Texto por Stefani Costa

Mesmo se eu não pudesse exprimir
Ainda assim seria útil dizer
Todas as nuances
E só durante a noite eu minto
Porque sempre percebi
Eu gosto dela
Mesmo se eu não gostasse dela
Eu poderia dizer que gosto
Porque palavras são muito mais do que palavras
E terei atitudes para me ajudar
Ainda que eu pudesse fumar todos os cigarros do mundo
Não poderia nem sequer sufocar o que sinto por ela
Entre uma ventania e outra
Eu encontro alguém e é só isto
Se o tempo faz o estrago
Eu não posso viver o estrago que o tempo faz
Abraço faz falta quando não podemos enxergar outros abraços
Se eu compreendo um abraço genuíno e sincero
Então quero paz e um oceano só pra mim
Por que não posso compreender também o olhar da criança que diz
Como é estar no seu lugar?
O meu lugar não tem lugar
O meu lugar é um lugar onde todos podem se abraçar sem cobrar nada
Novamente acendo o cigarro e a fumaça me faz bem
Mesmo que estoure os meus pulmões
Terá valido a pena lutar tanto para chegar até aqui e concluir
Concluir o que não é tão fácil de acreditar
Porque existem inúmeras formas de ser e de servir
Ainda que o bem-estar surgiu de repente
E surgiu entre um colchão e três almofadas
Cobertores para aplacar o vento forte lá fora
Ela é absolutamente linda e ninguém há de desdizer
Se eu pudesse comprar algo para enriquecer
Compraria todas as estrelas do mundo
E isto seria tolice de gente apaixonada
A paixão consome e acaba
Tudo tem prazo de validade
O que eu vou fazer quando te ver de novo e de novo?
Perpetuar a nossa existência para que não caiba mais em nenhum lugar
O que sinto por ti é a mais breve locução do ‘eu te amo’
Eu te amo temporariamente, meu amor
Eu te amo para todo o sempre, amor
Eu te amo para que em cada poça d’água
Você possa se molhar
E eu sempre vou te olhar com ternura
Porque meu coração não tem passagem pra um lado só
Meu coração é a devolução de toda gratidão que sinto por ti
Se você sair agora
Eu prometo ir atrás
Sem desdenhar, sem ousar, sem humilhar
Quero colher pra mim o que venho semeando
Amor, amor, amor
Meu pequeno amor.
Chegou a hora
Terei paciência
Mas ainda assim quero dizer uma coisa muito importante
Sinta com os olhos
Veja como somos as pessoas mais bonitas do mundo
Só existimos agora
Silêncio
Vamos dormir enquanto o sol não abre
A imensidão do espaço que será nós
Eu e você
E todos os outros se importarão
Porque seremos o melhor exemplo de amor que já se viu
Eu e você
Na ciranda a dois
Você e eu em um trago
Absoluto
De um cigarro
Aceso
Fumaça, de novo, fumaça
Não estou sozinha
Vou repartir essa fumaça
Ainda tenho tanto tempo pra te conhecer
Finalmente agradecer ao tempo
Tempo, tempo, tempo
Odeio o tempo.

escrito por Stefani Costa

Mesmo que seja sem fins lucrativos, não copie o meu blog
Even if it is non profit, do not copy my blog

SORRIU

Texto por Stefani Costa

Eram seis horas da manhã. Ele levantou da cama com seu jeito tranquilo e comovente. Os olhos estavam paralisados iguais aos ponteiros de um relógio de pulso: pequeninos, ancorados e marcantes. No fundo dos olhos semicerrados a cor verde-musgo estabelecia uma paz de longe. Depois de espreguiçar, mais uma vez, ele olhou para confirmar se ela era mesmo tão linda. O que significava uma mulher linda pra ele? Nesse momento, ele ligou o radinho elétrico que estava no criado-mudo, ao lado da cama, ou mais precisamente ao lado da bela esposa. Eram casados e estavam casados. O som do rádio era muito mais audível no volume dez e também para ela não se assustar tanto com os acordes, porque a música move passos devagar. Então, ele sorriu. Ele sorriu ao ligar o som pra ela. Após verificar o quarto todo com olhos preguiçosos, ele sentiu uma enorme vontade de fumar cigarro. Ela se revirou, olhou pra ele profundamente e com muita fumaça começaram a beijar as partes de cada um – simultaneamente e desesperadamente. Estavam com fome. Em silêncio, ela pedia mais e mais rápida nos movimentos, porque a intensidade excessiva é um defeito considerável na hora de sentir e expressar a dança perfeita entre dois corpos nus. Ó! Então surgiu a oportunidade: declararam-se amorosamente apaixonados um pelo outro e agradeceram as circunstâncias que os levaram até a música! “Encontrar no outro aquilo que não posso ser”… Altos pensamentos, uma forte astúcia. Quais alternativas não teriam – a não ser – outra rodada de café com xícaras, mais um cigarro no pires, por favor, para depois o dia passar sem nada a dizer, porque os olhos se tocavam, eles sabiam que se tocavam.

Stefani Costa 

o que tem de ser

O que é a vida?
O que é a morte?
Senão pelo fato de
Estarmos vivos
Na inconstância do
Ser do bem-estar
As travadas tecnologias
As explosões irradiantes
Do vento de sol
Do gotejo de luar
Cada mão aveludada
É isto o que separa
Minha escrita da
Dúvida de uma ingênua
Canção de ninar.
Fiquei dentro do interior
Para solidificar a verdadeira
Liberdade de ser o que posso
Ser na proporção do que
Meu estômago é capaz de
Suportar entre minúsculas
Paredes de um quarto
Movediço por amor.
A música não me deixa
Falar do poeta lunático
Que reina dentro dos
Sonhos por segurança
Pureza sem o torpor de
Desgraçar um ouvido
O olhar do fraco vencedor
Vendedor de especulação
Sobre o mercado financeiro
Não poderemos mais reclamar
Da nostalgia dos outros
Tempos. Ah! O magnífico
Tesão dos corpos naturais
Perfeitos para o endeusamento
Da natureza. E amanhã o
Voo será de novo o
Pouso da águia que alcança
E sobe, e chega lá no alto
Para dizer que a vida simples
É sim a mais bonita.

Stefani Costa

planalto

escrevendo para você com o intuito de certificar que as roupas do velho de cabelos sem cores não modificarão o tempo se a existência não acontecer de modo natural e realmente para renovar os olhos que não querem mais enxergar mentiras. A subida é mesmo por meio de uma escada íngreme, por isto o cansaço e a perseverança. Quanto mais me canso, mais subo – um degrau de cada vez, porque cada degrau tem a sua especificidade. Novamente o velho precisa despir a roupa empoeirada de três anos – com tanto medo de envelhecer. Embora a vida consciente tenha começado agora, quando? No topo, um homem só. Logo ao seu lado, um ajudante com o esfregão na mão. Depois de ter limpado a sujeira do homem – o ajudante percebeu que o grande distúrbio da situação era o coração quebrado e a falta de novas circunstâncias para consertá-lo com um pouco de paciência, porque a pressa do tempo é o clima instável.

Stefani Costa 

“antes de voltar não volte”

eventualmente aconteceria. Mesmo se eu não pudesse salvar os restos. O que sobrou? Em todo o discurso a tentativa de manter a eletricidade neutra – sem dar choque – como você se sente agora? Ao sentar para dialogar o porquê do desconvide – o que dizer na assembleia? Falta de culpa e de juízo. Porém, não importa que falte algo para culpar, porque não estamos do lado dos julgadores. Eles querem estar certos. É perigoso estar certo? Se naquela semana eu tivesse trabalhado duro em meu café da manhã – eu adoraria saborear as cascas que caem do pão, de quarenta centavos, da rua de cima. Ela reapareceu em formato de escultura reluzente bem no mesmo período em que vão inaugurar cenas inéditas. E-S-P-E-T-A-C-U-L-A-R foi o início e o fim do curto frio na barriga; na metragem da espinha dorsal. Sim! Gratidão. Principalmente às aulas de guitarra que aveludam minhas mãos com temas reconfortantes: “siga a sua canção”. Para fora da terra, para dentro do chão. No céu, fiz outro memorando; não precisarei dividir com mais ninguém o desalento. Uma fortaleza de sentimentos abala a trajetória para o bem. Agora a caminhada é recolhida para novos pisos de madeira, sem empenar com água. Movimentos suaves e cada vez mais… Apaixone-se! Apaixone-se! Mas que seja longe. Vou torcer por tocar com paixão. De novo, naturalmente, (sem) esquecer.

Tu
Continue firme
Nos ideais
Da terra
NÃO somos
Proprietários
Dos Empregados
Sirva-os
Imediatamente!
Se
TUDO
São momentos
Não!
Não cale
Deixe a voz sair
Sinta
É real
Por várias
NOITES
Tomando um gole
Meu trago
Seu sorriso
PENDURADO
No meu
(colo)
Que bom dizer
Adeus

Stefani Costa 

as luzes

O que aconteceu depois que os olhos acordaram para enxergar outro novo dia: inúmeras possibilidades. Então, muitíssimo de repente você percebe que o imprevisível importa bastante e isso é bom porque faz acender as luzes da sua alma. Eu posso vê-la. É natural que se tenha dor, mas depois de sofrer – olhe só a capa dura que conquistou bravamente com seus motivos de mulher destemida e dançante. Dentro do salão cheio de pessoas sorridentes, são os seus olhos a manhã comprida de café, risadas, banho quente e quem sabe passeio ao ar livre. Em todas as manhãs teríamos algo arriscado para comer e combater o colesterol, antigo pensamento do romântico que morre de preguiça de largar o vício para não desidratar a estrutura física. A gente se locomove que nem os trens da Era Mauá, ainda que sejam novos, nem sempre velhos. Na disparada da música, o cantor suado, contorcido, bom de ver, mas não quero fixar visão em tudo isso. Dou dois passos. O passo seguinte é com o coração aberto e estampado de bons suspiros eloquentes; deparando com os seus olhos (novamente tornarei a eles: enxergam-me ou enxergam-te?). Resposta bem elaborada agora. Não tente encobrir o desejo usando palavras que dizem “sentimos saudades sexuais”. Pare de imaginar. Lutar contra os desejos é morrer vivo(a). Vá!

escrito por Stefani Costa 

elas gostam

Muito frenético e envolvente o som produzido batida-por-batida e as palavras ditas depois do abraço: ela será futura esposa e pertencemos, ao menos, tecnicamente, a mesma essência existencial, qual seja: o contato com amor. Porém, tivemos de recorrer e Platão com suas ideias pensadas, que são diferentes das reproduzidas, porque não existem cópias perfeitas para ninguém, disse: você só pode ser você mesmo. Inclusive, enquanto praticamos o exercício de pensar, agora, em Marx: a história acontece em primeiro momento como farsa, depois como tragédia? Isto já seria uma tragédia? IstoÉ? Não, você vai discordar. Ou estaremos completamente distraídos. O que é História? É absolutamente inegável: cada nome um deus, do deus o pai, abre a porta Glória! O brilho do Sol de três da tarde, que diz em tom de sentença: onde está a história? Eu estava em pé e no último dia desde a primeira vez – toquei com o forte alvoroço de despedida, desci pelo rio sinuoso, um corte nos dedos enraivecidos e na volta, pensei, vou esperar para ter um lar como uma capa de disco. Em todas as aulas a única e resoluta predestinação do instrumento – tocar as pessoas. Elas gostam de ser tocadas.

escrito por Stefani Costa